Secretaria de Saúde alega necessidade de economia e melhoria no serviço
Lista tinha 850 itens; população relata falta de remédio para câncer e diabetes

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal cortou 115 dos 850 remédios distribuídos gratuitamente à população, sob a alegação de necessidade de economia e de melhoria no atendimento. De acordo com a pasta, a revisão da lista ainda está em curso e pode englobar outras medicações. Entre as retiradas estão usadas no tratamento contra glaucoma. Os nomes não foram divulgados. Eles representam 13,5% da lista.

O processo começou em abril. Apesar das mudanças, 91 medicamentos ainda oferecidos pela pasta estão em falta. A redução também visa diminuir o desabastecimento. Pacientes relatam falta de remédios para tipos de câncer e diabetes.

“O objetivo da revisão é racionalizar a nossa lista. A partir do momento que tivermos uma lista mais enxuta, vamos ter um maior nível de controle em todo o processo, em toda a cadeia de suprimento dos medicamentos, desde o planejamento da compra, até a licitação, o recebimento e o seu uso”, diz o diretor de Assistência Farmacêutica, Emmanuel de Oliveira Carneiro.

O gasto com compra de remédios representa 12% do orçamento da Secretaria de Saúde. Este ano, o governo autorizou uso de R$ 160 milhões na aquisição. Em 2015, foram empenhados R$ 230 milhões.

Segundo a pasta, a lista tem vários remédios com a mesma finalidade de tratamento. “Estarão relacionados [após a revisão], dentro do arsenal terapêutico disponível no mercado, os medicamentos que apresentam a melhor evidência clínica quanto à eficácia e segurança e a melhor relação custo-efetividade.”

A estudante Bruna Saraiva da Rocha tem diabetes e depende de um cateter para receber insulina no organismo. Ela conta que ele está em falta há dois meses na rede pública. A caixa com 30 unidades custa R$ 650.

A jovem tem improvisado e usado o mesmo cateter por até seis dias. “Descontrola completamente minha taxa glicêmica, porque entope o tubo, entope o cateter.”

A aposentada Estelita Vasco da Costa, de 67 anos, mora em Santa Maria e precisa se deslocar até a Asa Sul – cerca de 26 quilômetros – para buscar três remédios contra glaucoma. Ela conta dois deles estão em faltas há meses.

“[A atendente] Falou para eu ficar vindo aqui, para saber se chegaram. Eu falei ‘vocês dão previsão de quando chega?’ Falou que não. Que não tem previsão”, conta a idosa.

Fonte: G1