Claudio Abrantes considera produtivos os cafés da manhã promovidos pelo governador, sempre às segundas, mas diz que tem “muita dificuldade” para votar com o governo, enquanto a crise na Polícia Civil não for resolvida
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Por Millena Lopes, do Jornal de Brasilia

Na tentativa de tentar convencer a própria base aliada a aprovar a implementação de organizações sociais para gerir unidades de saúde no DF, o governador Rodrigo Rollemberg convidou os deputados a formarem uma comissão para visitar, junto com ele, o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, OS que se dedica aos projetos sociais do Hospital Sírio-Libanês.

O convite não empolgou os nove – dos 13 – deputados aliados que foram à Residência Oficial de Águas Claras, ontem. Cláudio Abrantes (Rede), Juarezão (PSB), Julio César (PRB), Lira (PHS), Luzia de Paula (PSB), Reginaldo Veras (PDT), Rodrigo Delmasso (PTN), Sandra Faraj (SD) e Telma Rufino tomaram café com Rollemberg e ouviram quais as prioridades do Palácio doBuriti para os próximos dias.

Já é sabido por todos, no entanto, que a liberação das OSs é a proposta que está no topo dos projetos importantes. Formado por parlamentares que apoiam o governo, o maior bloco da Casa é contra a proposta. O líder do grupo formado por Rede, PDT e PV, deputado Reginaldo Veras (PDT), confirma: “Todo mundo está meio receoso”.

Ele, pessoalmente, não deve participar da comitiva que viajará à capital paulista na segunda quinzena do mês que vem. “O governador está tentando convencer os deputados que o caminho é este. Mas eu já tenho posição fechada sobre o assunto”, explica ele, que é completamente contra à implementação de organizações sociais.

A cargo de quem ficarão os custos da viagem não foi assunto discutido na reunião, conforme explicou o Palácio do Buriti, por meio da assessoria de comunicação da Secretaria da Casa Civil. Mas ficou subentendido que cada deputado arcará com a própria despesa.
Por conta própria

Pelo menos é o que pretende fazer o distrital Lira (PHS). Relator da CPI da Saúde, que, entre outras coisas, apura irregularidades em organizações sociais, ele diz que tem programadas viagens para visitar organizações sociais por conta própria. O objetivo, ele conta, é para poder ter uma opinião concreta sobre o assunto e ver como é a aplicação das OSs na prática. “É preciso ver o que dá certo e o que dá errado”, argumenta, ao reiterar que, hoje, é contra as parcerias.

“O momento não é favorável”, observa o parlamentar autor do requerimento que deu origem à Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar irregularidades na Secretaria de Saúde do DF.
Obstrução seletiva

O deputado distrital Cláudio Abrantes, que também é contra a implementação de organizações sociais na gestão da saúde, ouviu com atenção as prioridades do governo para a Câmara Legislativa. Embora considere produtivos os cafés da manhã promovidos pelo governador, sempre às segundas, ele diz que tem “muita dificuldade” para votar com o governo, enquanto a crise na Polícia Civil não for resolvida.

Oriundo da corporação, Abrantes conta que abraçou a reivindicação da categoria por melhores condições de trabalho e reajuste salarial. Ele reconhece, no entanto, que tem feito uma “obstrução seletiva” aos projetos do Executivo, como forma de pressão. “É claro que se forem recursos para a saúde, por exemplo, não terei dificuldade em votar”, explica.

O deputado disse que avalia “ponto a ponto” dos projetos encaminhados pelo Palácio do Buriti. “Estamos tentando sensibilizar o governo para resolver a questão”, reitera.