No DF, são cadastradas 14 metodologias, como acupuntura, reiki e automassagem. Um dos objetivos é dar autonomia ao paciente.

“Do coração, você leva o amor e o carinho para fazer a massagem; da mente, a atenção; e do coração e da mente, o desejo de tratar e de curar.” O ensinamento é apenas um dos vários que o médico generalista da rede pública Marcos Freire, gerente do Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde, em Planaltina, dá durante a aula de automassagem que ocorre às terças e quintas-feiras, às 8 horas.O Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde, em Planaltina, durante aula de automassagem, que ocorre às terças e quintas-feiras, às 8 horas. 

O Distrito Federal é pioneiro em oferecer os métodos entre os serviços da rede pública de saúde – começou há mais de 30 anos. Segundo a gerente de Práticas Integrativas em Saúde, da Secretaria de Saúde, Valéria Frota, a iniciativa trabalha o fortalecimento da prevenção e incentiva as pessoas a enxergarem a saúde integralmente — física, mental, psíquica, afetiva e espiritual. Estão disponíveis 14 práticas em cerca de 240 pontos de atendimento — 95% unidades básicas de saúde —, presentes em todas as regiões administrativas.

A agenda é aberta para a maior parte das práticas. Ou seja, não é preciso marcar horário — exceto para o reiki, a acupuntura e a homeopatia. No caso da acupuntura, por exemplo, apenas pacientes que já estão em tratamento nos hospitais recebem os cuidados por meio da técnica.
240Pontos de atendimento para as 14 práticas integrativas em saúde em todo o DF

A oferta depende da disponibilidade de profissionais capacitados nas unidades. O foco é a inserção dos métodos na atenção primária e a promoção da saúde em projetos terapêuticos individuais ou coletivos. Um dos objetivos é diminuir o uso de medicamentos.
Aulas de automassagem

Ao ar livre, em meio a árvores, Maria Pires de Almeida, de 77 anos, acompanha as aulas de automassagem de Marcos Freire há mais de 20 anos. Ela conta que já curou dores no quadril e nos braços e sente melhora inclusive no intestino com os movimentos passados pelo médico. “Quando eu não venho, fico doente”, diz.

A ideia, segundo Freire, é fazer com que o paciente tenha conhecimento sobre seu corpo e cultive hábitos saudáveis, trabalhando a socialização. “Promovemos educação popular em saúde, transformando as pessoas em agentes ativos e responsáveis por seu bem-estar.” Ele conta que ainda são promovidas oficinas com temas como dengue, alimentação e cânceres de mama e de próstata.

A automassagem tem como base a medicina tradicional chinesa, com o gesto de tocar o próprio corpo e estimular determinadas áreas por meio das mãos. As aulas do médico, que também é acupunturista, reúnem a média de 80 pessoas. O Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde oferece mais de dez práticas diferentes, com dias intercalados, de segunda a sexta-feira.

O contato com a natureza e as falas envolvendo a cura, o equilíbrio e sentimentos bons deixou encantada a moradora do Lago Norte Ana Maria Carneiro, de 69 anos. Ela foi a Planaltina especialmente para conhecer a técnica de origem chinesa e disse que pretende voltar pelo menos uma vez por semana. A aposentada foi diagnosticada com artrose nos dois joelhos e encaminhada para cirurgia. “Eu espero não precisar operar. Isso aqui pode ser muito proveitoso”, ressalta. “É uma paz que a gente leva para o dia.”
A automassagem tem como base a medicina tradicional chinesa, com o gesto de tocar o próprio corpo e estimular determinadas áreas por meio das mãos

Para quem assiste ao desenrolar da aula, o sentimento é exatamente esse: paz. Com música calma, movimentos simples e disposição, Maria de Soares, de 63 anos, utiliza o método como complemento no seu tratamento contra colesterol e labirinte. “O mal-estar passa, as dores acabam”, resume a moradora de Planaltina.

As 14 práticas integrativas em saúde oferecidas pela rede pública são: acupuntura, arteterapia, automassagem, fitoterapia, hatha yoga, homeopatia, liang gong, medicina e terapias antroposóficas, meditação, musicoterapia, reiki, shantala, tai chi chuan e terapia comunitária integrativa. No site da Secretaria de Saúde é possível conhecer as técnicas e saber onde cada uma delas está disponível.
Agência Brasília
Foto: Tony Winston