Um servidor da Saúde teve que improvisar, com sacos de lixo, um avental para atender um paciente em um hospital da região do Plano Piloto do Distrito Federal. O técnico de enfermagem contou que faltas de materiais e insumos são constantes e gambiarras acontecem frequentemente para não deixarem os pacientes sem assistência.

O caso aconteceu na última sexta-feira (28), quando sete hospitais tiveram serviços suspensos na capital. Auxiliares e técnicos de enfermagem, técnicos em radiologia, médicos e enfermeiros reduziram o atendimento em protesto pelo pagamento dos reajustes concedidos e que o GDF diz não poder pagar. O atendimento em centros e postos de saúde, hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs) estava com apenas 30% da capacidade.

O servidor de 26 anos pediu para manter a identidade em sigilo. Ao Jornal de Brasília, ele informou que foi a primeira vez que a situação o afetou. “Mas falta material direto”, ressaltou, elevando este como um dos motivos para a paralisação dos servidores. “Temos que usar o que dispomos para fazer o que precisamos. Improvisar é comum e acontece em qualquer hospital público do DF”, emendou.

O técnico em enfermagem contou que precisava dar um banho em um paciente que estava sem acompanhante. “Além de não ter ninguém para ajudar, fazia algum tempo que ele não tomava banho. Não podemos deixar isso acontecer, o paciente não pode ficar exposto a bactérias”, lembrou. A foto foi tirada pela coordenadora do rapaz, que teria ficado surpresa com a situação. “O paciente não podia ficar sem banho”, advertiu o servidor.

Problema generalizado

Vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem, Jorge Viana explicou que o material, chamado de capote ou avental, é necessário para proteger tanto o servidor quanto próprio paciente de infecções cruzadas. “Deveria ser um avental por paciente, mas não tem na Secretaria de Saúde, então os profissionais usam saco de lixo mesmo”, contou. De acordo com ele, o procedimento é mais que essencial quando o tratamento é de pacientes em situação de isolamento por doenças contagiosas.

“A falta dos materiais pode comprometer a saúde dos pacientes. Há um boom de desabastecimento. Acontece no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no de Samambaia (Hrsam), no de Brazlândia (Hrbraz), no de Taguatinga (HRT)”, esclareceu o sindicalista. A ele, a Secretaria de Saúde diz que as licitações estão em andamento e que alguns materiais já estão em depósito. “Mas não adianta se não chegarem nas unidades”, ressaltou.

Procurada, a Secretaria de Saúde informou que o desabastecimento de materiais e insumos na rede é devido ao volume de demanda recebida nos hospitais da rede. A pasta diz que está trabalhando para repor todos os estoques por meio de contrato de compra regular e emergencial.
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Jéssica Antunes
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