“Mesmo antes da crise, começamos a lavar o prédio apenas com alguns baldes. Antes ele era lavado todos os dias. A ideia foi da ex-síndica, que incentivava a economia”, José Maria Santos, porteiro na 315 Norte. Foto: Sandro Araujo

A Asa Norte foi a primeira região entre as abastecidas pela Barragem de Santa Maria a passar pelo processo de redução na pressão da água. No primeiro dia da restrição, ontem, moradores ouvidos pelo Jornal de Brasília respiraram aliviados por não terem sentido impacto no serviço – pelo menos até ontem. Situação bem diferente de locais afetados pelo racionamento, como Ceilândia e Santa Maria. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) não estabeleceu um prazo para o fim das medidas.

Para o síndico Leoni Severo, de 68 anos, os moradores do Bloco E da Quadra 303 sequer perceberam a redução. “Não fez diferença para nós, principalmente porque tem muita gente viajando. Então, as três caixas d’água do prédio não deixam a gente sentir falta”, diz o servidor público.

Ele acrescenta que o condomínio não possui um sistema de aproveitamento de água, mas existe essa intenção. “Em breve queremos implantar um projeto que aproveita a água da chuva. Mas, por enquanto, é cada um por si”, completa.


Saiba mais
O racionamento é aplicado desde o início deste ano e atinge aproximadamente 1,8 milhão de pessoas. O rodízio de 24 horas sem água abrange 15 regiões, abastecidas pelo Descoberto. A meta da Caesb é diminuir o consumo em até 5%. O corte no fornecimento foi autorizado há dois meses, mas ainda não havia sido efetuado.
Após a adoção da tarifa extra pela Caesb, no ano passado, o brasiliense diminuiu o consumo em 9,2%. O critério foi aplicado apenas para quem gasta além da quantidade recomendada. A Caesb alega que a medida foi tomada em decorrência da maior crise hídrica do DF.

O porteiro José Maria Santos, 36 anos, trabalha no Bloco C da Quadra 315 há seis anos e diz que medidas para economizar foram tomada há dois anos. “Mesmo antes da crise, começamos a lavar o prédio apenas com alguns baldes. Antes ele era lavado todos os dias. A ideia foi da ex-síndica, que incentivava os vizinhos a economizar”, acrescenta.

No Bloco B na Quadra 309, Joaquina dos Anjos relata que não sentiu diferença na pressão da água, mas mesmo assim procurou economizar. “Apesar de ter o hidrômetro individual, eu nunca fui de gastar muita água. As pessoas precisam entender que ela vai acabar um dia e vai nos deixar muitas saudades”, ressalta a síndica.

Comerciantes também não relataram transtornos. “A gente não usa muita água aqui. É um consumo básico, apenas para lavar as louças. O trailer, lavamos uma vez por semana, já com o intuito de economizar”, conta João Carlos Neres, funcionário de um trailer de açaí estacionado na 305 Norte.

Haja chuva

De acordo com a Agência Reguladora de Águas Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), o nível de água no reservatório de Santa Maria está em torno de 40,42%. Já na Barragem do Descoberto a situação continua crítica, com 20% da capacidade.

Segundo a Caesb, os técnicos farão ajustes nas válvulas durante os próximos três dias. A companhia recomenda que todas as unidades habitacionais tenham caixas d’água, capaz de garantir o abastecimento por pelo menos 24 horas. A redução de pressão atingirá todas as residências previstas no cronograma, que está publicado no site da Caesb

Próximas afetadas

Nesta quinta-feira, a redução na pressão ocorre na Asa Sul, Sudoeste e Noroeste. Depois o cronograma dos próximos dias segue pelo Lago Norte (6), Lago Sul (9), Jardim Botânico (13), Paranoá, Itapoã e Setor de Mansões do Lago Norte (15) e SOF Sul, Condomínio Park Sul Prime Residence e Living Superquadra Park Sul (17).

As exceções ficam por conta do Varjão, Cidade Estrutural, Cruzeiro, Octogonal, SIA, SCIA, SMU, Jardins Mangueiral e Taquari, que, por enquanto, estão fora do racionamento.
A diminuição de pressão nessas cidades deverá durar até que a Caesb considere o nível do reservatório do Santa Maria em condição de oferecer segurança para o abastecimento.

JBr