Os brasilienses são os que mais consomem álcool em todo o Brasil. A constatação foi da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por meio de pesquisa lançada nesta semana. Entre os moradores da capital, 25,4% alegaram beber quatro ou mais doses, no caso das mulheres, e cinco ou mais doses, no caso dos homens, numa mesma ocasião, o que seria considerado consumo abusivo.

A estudante de mestrado Luciana Ferreira, 27, não ficou muito surpresa com a com a pesquisa. A mineira de Belo Horizonte afirma que, depois da chegada a Brasília, aumentou o seu consumo de bebidas alcoólicas, apesar de considerar que “bebe pouco”. O motivo seria a facilidade de encontrar os amigos. Dá para sair de casa ou da universidade e ir a um bar aproveitar as companhias. Segundo ela, em BH, ela tinha que andar mais para se encontrar com as pessoas. Agora, é só se juntar e aproveitar.

Luciana não está sozinha neste consumo: as mulheres brasileiras que mais alegaram consumo abusivo de álcool foram as brasilienses – 20,1 %, seguidas pelas goianas, 18,3%, e capixabas, 15,9 %. Já os homens do DF ficaram na quarta posição, empatados com os capixabas em 32%. Os três primeiros colocados foram os soteropolitanos e cuiabanos com 34,9 %, seguidos pelos palmenses, 33,7 % e goianos, 33%. De acordo com o levantamento da ANS, os dados indicam que esse hábito é mais frequente entre as pessoas com idade entre 18 e 34 anos e tende a ser mais intenso em pessoas de maior escolaridade.

A pesquisa, que tem como base o ano de 2015, trouxe dados sobre a combinação de álcool e direção: 6,8% das pessoas admitiram a prática. Os homens são frequentes na infração: 11,7%, contra 3% das mulheres. A condução perigosa ocorre em geral entre adultos de 25 a 44 anos, em especial aqueles que têm mais escolaridade.

A psicóloga Gláucia Flores, da Aliança Instituto de Oncologia, afirma que a juventude é uma fase de experimentação e tem todo um contexto de estar inserido no grupo, de fazer parte dele, e ainda há competição. Dessa maneira, as pessoas ficam ansiosas e o álcool entra como uma válvula de escape. Mas ela lembra que é necessário cuidado: o excesso de bebidas pode levar ao vício.

“Se há persistência no consumo mesmo quando ela tem prejuízos para a vida pessoal, é hora de prestar atenção. Alcoolismo é uma doença”, avisa a psicóloga.

SERVIÇO
Há três fatores que podem levar a pessoa a perceber que deixou de beber socialmente e está viciado: a ingestão de bebidas é muito frequente, quase como uma compulsão; a tolerância da pessoa aumenta – ela quer beber em maior quantidade para sentir os efeitos; e a abstinência, ela passa a sentir falta da substância e coloca a bebida acima de outras situações importantes.
Quem precisar de ajuda pode procurar um psicólogo ou até mesmo o grupo Alcoólicos Anônimos mais próximo. A iniciativa, criada em 1935 por dois americanos com problemas de alcoolismo, tem reuniões em um ou dois dias na semana e está presente em mais de cem países.
Como o nome diz, o anonimato é preservado. A vontade de participar tem que partir da pessoa. Mais informações no site alcoolicosanonimos.org.br ou no telefone 3226-0091.

Com informações do portal Jornal de Brasília.