Como um trator. É assim que o governador Rodrigo Rollemberg inicia o penúltimo ano do mandato. Com promessas de mudanças no primeiro escalão, ele tem tratado pessoalmente das articulações para a composição das comissões permanentes na Câmara Legislativa. E deve emplacar os comandos de todas elas. A última cartada foi atrair a deputada Sandra Faraj (SD) para o “blocão dos 13”, formado pelos 12 parlamentares que votaram em Agaciel Maia (PR) para presidir a Casa.

Com o feito, Rollemberg atropela a deputada Celina Leão (PPS), que era tida como presença certa na presidência da comissão mais importante da Casa: a de Constituição e Justiça (CCJ). Agora, o cargo deve ser do governista Reginaldo Veras (PDT), que, junto com Joe Valle (PDT), Cláudio Abrantes (Rede) e Chico Leite (Rede), formou um bloco independente, deixando os outros sete eleitores de Joe de fora.

“Os deputados que compõem o bloco dos 13 dizem que irão votar em mim”, aposta Veras, ao lembrar que o “jogo só acaba quando termina”. A candidatura, ele repete, está mantida. “E eu espero ganhar”, diz.

A ida de Celina para a CCJ foi um dos acordos firmados para garantir que Joe fosse o presidente da Câmara. Individualmente, ele apoia. Mas o bloco, cujo líder é Cláudio Abrantes, mantém o nome de Veras.

A votação está prevista para ocorrer na terça-feira, mas, até lá, muitas reuniões ocorrerão e outros acordos podem ser firmados. Só que o Palácio do Buriti está bem atento às movimentações e parece mesmo ter acordado para as relações políticas, bem no meio do mandato de Rollemberg. Na manga, o governador guarda uma reforma política, gestada a partir dos apoios garantidos na composição das comissões.

Acordos

De acordo com o que foi acertado com o governador, Agaciel Maia deve ser mantido na Comissão de Orçamento e Finanças e Telma Rufino (Pros) na de Assuntos Fundiários. Luzia de Paula (PSB) seria nome certo para a Comissão de Assuntos Sociais; Wasny de Roure (PT) para a de Educação, Saúde e Cultura; Chico Vigilante (PT) na de Defesa do Consumidor; Ricardo Vale (PT) na de Defesa Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar; Rodrigo Delmasso (Podemos) para a Fiscalização Governança Transparência e Controle; Lira (PHS) para a Comissão de Segurança; e Bispo Renato (PR) na de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo.

Sobraram as indicações para Ouvidoria e Corregedoria, que devem sobrar para Chico Leite e Rafael Prudente (PMDB), respectivamente.

Além de Sandra Faraj, pescada para o grupo nas últimas conversas do governador com os deputados, fazem parte do grupo dos 13 os 12 parlamentares que votaram em Agaciel: o próprio, Vigilante, Wasny, Ricardo Vale, Lira, Luzia, Juarezão (PSB), Bispo Renato, Delmasso, Julio Cesar (PRB), Israel Batista (PV) e Telma.

Divisão de poderes

Para os próximos dias, Rollemberg prepara uma reforma administrativa, que deve mexer em grande parte do primeiro escalão. Articulador político do governo, o secretário Marcos Dantas (Cidades) já adiantou que, para garantir uma base mais perene neste e no próximo ano, a estratégia é “compartilhar espaços de poder”.

A ida do governador à Câmara Legislativa, na terça-feira, foi para isso, ele disse: “O governador deu um recado claro de que ele está mais próximo da política, dos partidos e da Casa.”
Diferentemente do que se viu em 2015 e 2016, agora, o Palácio do Buriti almeja “ter uma relação mais permanente e de troca com a base”, conforme Marcos Dantas.
Foto: Myke Sena
Millena Lopes -JBr