Diagnósticos aumentaram 18% entre 2005 e 2015

A Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou sessão solene em comemoração ao Dia Mundial da Saúde na manhã desta sexta-feira (7), no plenário da Casa. Proposto pela deputada Celina Leão (PPS), o evento reuniu profissionais de diversas áreas, como médicos, farmacêuticos, psicólogos e educadores físicos. Mais do que comemorar, os participantes levantaram reflexões sobre a necessidade de uma abordagem multidisciplinar de saúde e lançaram alerta para a depressão – tema eleito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a data.

Segundo a entidade, o número de pessoas com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015. Para a presidente do Conselho Regional de Psicologia do DF, Vanusa Sales, é preciso falar sobre essa doença que já é, em sua opinião, um problema de saúde pública. A psicóloga criticou a cultura de medicalização excessiva e destacou a importância de intervenções psicossociais no tratamento da depressão.

A presidente do Conselho de Farmacêuticos do DF, Gilcilene Maria dos Santos, por outro lado, apontou os benefícios do uso racional de medicamentos no tratamento da doença, com o acompanhamento profissional e a avaliação das interrelações químicas entre as substâncias. Ela elogiou a escolha do tema do Dia Mundial da Saúde deste ano: "A OMS acertou na temática, a depressão é uma das doenças mais incapacitantes, quem tem depressão chega a perder oito dias de trabalho por mês".

A atenção para a saúde forma integral foi defendida pelo presidente do Conselho de Odontologia do DF, Samir Najjar, para quem a depressão ainda é banalizada. O dentista reforçou a importância da saúde bucal em relação à autoestima das pessoas e para a qualidade de vida em geral.

Outra área apontada como parceira no tratamento da depressão e de outras doenças – e extremamente ligada à garantia de bem-estar – é a prática de atividade física. "O caminho da saúde começa na escola, com o estímulo à prática de exercícios. A depressão é um processo degenerativo cerebral, e os exercícios ajudam a liberar endorfina. Saiam da cadeira", conclamou.

Já o vice-presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 5ª Região, Danilo Mantovani, preferiu refletir sobre o papel dos profissionais de saúde no cuidado com os pacientes. Conforme citou, muitos problemas passam pelos sentimentos de inutilidade, insegurança e o desejo de isolamento social. "Precisamos tratar o paciente como ser humano. Devemos sonhar em resgatar sonhos. Esse é o nosso papel", defendeu.

Saúde pública – Não faltaram críticas à situação da saúde pública no DF. "Hoje é um dia de comemoração, mas que deve trazer reflexões. Em dois anos de situação de emergência, a área foi sucateada", disse a deputada Celina Leão. A distrital contou ter visitado diversos hospitais públicos do DF e ter verificado a carência de estrutura básica para o atendimento.

"Médicos se sentem impotentes frente ao caos instalado", reconheceu o médico Paulo Guimarães. E o dentista Samir Najjar resumiu: "A saúde pública está esgotada, e a particular é cara e excludente".

O presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), Felipe Bayma, também lamentou a situação da saúde no DF – "talvez, a maior crise pela qual já passou a área", disse – e informou que a entidade está aberta para o recebimento e encaminhamento de denúncias.