Indiciada pela Polícia Federal pelo crime de lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, Cláudia Gontijo Resende Genu receberá R$ 20.416,32 da Câmara Legislativa para ministrar o curso “Excelência no Atendimento: Interação da CLDF com o Cidadão”. A escolha dela como palestrante foi feita com “inexigibilidade de licitação”. A decisão está publicada nos diários da Câmara e do DF desta terça-feira (25/4).

Cláudia é mulher de João Claudio de Carvalho Genu, ex-tesoureiro do Partido Progressista (PP), condenado a oito anos e oito meses de prisão por 11 crimes de corrupção passiva e associação criminosa. Os dois foram investigados e indiciados na 29ª fase da Lava Jato. O casal é sócio em uma empresa de consultoria e assessoria empresarial.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cláudia ocultou recursos ilícitos arrecadados pelo marido comprando joias no valor de quase R$ 200 mil em uma loja de Brasília. A compra teria sido paga em dinheiro.

Mesmo respondendo por lavagem de dinheiro, Cláudia foi escolhida para falar aos servidores da Câmara Legislativa nos dias 2, 4, 9, 11, 16 e 18 de maio, entre 9h e 12h, na sala de aula da Elegis.

O curso dela faz parte de uma série de encontros para a valorização do Legislativo. Cartazes confeccionados pela gráfica da Casa e espalhados por todo o prédio indicam a intenção da presidência: “Como você gosta de ser atendido? Gentileza gera bom atendimento”.

A inexigibilidade da licitação no contrato com Cláudia foi autorizada e ratificada no dia 18 deste mês pelo secretário-geral da Casa, André Luiz Perez Nunes. Em nota, a Câmara informou que Cláudia “tem um currículo reconhecido tanto em experiência profissional, quanto em formação acadêmica” e que a professora ministrou o mesmo curso em 2016 “onde obteve, após as aulas, uma das melhores avaliações entre os que já estudaram na Elegis”. O curso do ano passado ocorreu entre 7 e 18 de março, antes do indiciamento dela pela PF.

Ainda segundo a assessoria da Casa, o curso será feito em três turmas de 18 horas cada, ao custo unitário de R$ 6.805,44 cada turma. “Não há dispensa de licitação, mas inexigibilidade, respeitando o que consta do artigo 265 inciso II § 1° c/c artigo 13, inciso VI da lei 8.666/93, para contração direta destinada a treinamento de pessoal por notório especialista. O mesmo foi atestado por parecer da Procuradoria da Casa”, resumiu a nota.

Cláudia também foi procurada, mas não foi localizada pela reportagem.

REPRODUÇÃO

Indiciamento
Em junho do ano passado, o delegado Luciano Flores de Lima, da Polícia Federal, indiciou o casal Genu e também Antônio Gontijo Rezende e Lucas Amorim por lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações, Genu integrava quadrilha formada pelos então deputados federais José Janene (PR), de quem foi assessor parlamentar, Pedro Henry (MT) e Pedro Corrêa (PE), todos do PP.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, João Cláudio Genu seria o responsável pelo recebimento e distribuição de propina de contratos firmados no setor de Abastecimento da Petrobras. Ele teria movimentado R$ 6 milhões, sem justificativa, entre 2005 e 2013. E ficado com R$ 2 milhões.

Por: Metrópoles