Foto: Mateus Alencar/Cedoc
A sentença para o assassino confesso da universitária Louise Maria da Silva Ribeiro, 20, saiu depois de aproximadamente dez horas de julgamento. Vinícius Neres Ribeiro, 20, acusado de matar a estudante de Biologia em um dos laboratórios da Universidade de Brasília, em março do ano passado, foi condenado a 23 anos e dez dias de prisão em regime fechado. A decisão foi tomada pelo Tribunal do Júri de Brasília na noite de ontem, mas cabe recurso.

Por volta das 20h, o juiz Paulo Rogério Santos Giordano encerrou a audiência detalhando a pena. O réu foi condenado a 22 anos por homicídio quadruplamente qualificado – feminicídio, motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa – e a um ano e dez dias por destruição de cadáver. Ele teve a punição reduzida por ser menor de 21 anos e ter confessado o crime.“Minha mulher soube dos detalhes cruéis de como a nossa filha foi morta somente poucos dias antes do julgamento”, Robson Ribeiro, pai da vítima. Foto: Myke Sena

Réu primário, Vinícius deve cumprir 2/5 da pena (nove anos) até poder pedir progressão de regime (ele está preso há um ano).

Isso porque o crime foi considerado hediondo. Para o promotor Marcello Oliveira Medeiros, a acusação conseguiu atingir o que a lei permite. “O julgamento foi justo, sim. Os jurados acolheram todos os nossos pleitos, ressaltando a questão do feminicídio”, declara.

O fim do julgamento foi marcado por emoção. Os pais de Vinícius reagiram à decisão com muito choro. Já os parentes e amigos de Louise se abraçaram aliviados. “Nada vai trazê-la de volta. Um, dez ou 20 anos na cadeia não vão devolver minha filha. Precisamos rever a nossa Justiça, a pena máxima é muito branda. Ele é jovem. Daqui a pouco estará solto e poderemos ter que julgar por uma nova vítima. Não podemos mais expor nossas vidas, filhas e mulheres a um louco como esse. Nada paga a vida de uma menina que saiu de casa para trabalhar e estudar e nunca mais voltou”, diz o pai da estudante, o militar Robson Ribeiro.

Sete jurados participaram do julgamento. Por volta das 19h40, eles se reuniram em uma sala fechada para deliberar sobre a pena e elaborar a sentença final. A decisão lida ao fim da sessão fala em “comportamento egoísta, frio, calculista” e diz que a morte ocorreu “da forma mais cruel e desumana possível”.
O crime aconteceu em março de 2016. Louise foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, teve 200 mililitros do produto químico injetados na boca. O produto tóxico foi a causa da morte, segundo o IML. O réu prendeu os pés e as mãos dela e enrolou o corpo em um colchão inflável. Em seguida, levou o cadáver para um matagal no Setor de Clubes Norte.

Tentativas de culpar a vítima

O depoimento de Vinícius teve início por volta das 14h. Ele só esboçou emoção no momento da fala de seu pai. O réu disse que começou a namorar com Louise em 2015, mas o relacionamento era mantido em sigilo. No entanto, após uma viagem, a jovem voltou diferente e terminou. Inconformado, ele a procurou e a matou. Ao longo do relato, tentou demonstrar ter sido vítima no relacionamento.

Após o crime, Vinícius acrescentou que tirou a roupa dela. “Queria vê-la pela última vez. Tive uma ereção e cheguei a colocar o preservativo, mas não fiz nada”, confirmou.

Quanto à condenação dele, o jurista Yure Soares explica que o sentenciado deve ficar no regime fechado por pelo menos mais 8 anos, já que não saiu da cadeia desde a prisão. Se não fosse crime hediondo, ficaria por 1/6 da pena até a progressão para o semiaberto. Ao obter esse benefício, o jovem poderá trabalhar durante o dia, mas terá que voltar para a cadeia à noite. O período passado dessa forma deve ser a metade do que restar na sentença. Já no regime aberto, poderá sair para trabalhar, mas tem de voltar para casa no horário determinado. (Colaborou João Paulo Mariano).

Fonte: Jornal de Brasilia