Modelo de gestão privilegia atividade meio

Foi apresentado nesta terça-feira (30) o relatório de gestão fiscal do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) à Comissão de Fiscalização, Gestão, Transparência e Controle da Câmara Legislativa. O documento detalha as receitas e despesas do órgão no ano passado e foi apresentado pelo superintendente do Ibram, Cleycione Carlos. Os números impressionam: enquanto R$ 58,6 milhões foram destinados exclusivamente para o pagamento de salários, sem contar benefícios como auxílio alimentação, apenas R$ 3 milhões foram efetivamente gastos com a atividade fim do órgão, ou seja, a proteção do meio ambiente.

"Se somarmos o valor pago a título de auxílio alimentação aos gastos com pessoal, verificaremos que o Ibram gasta 90% de seu orçamento somente para pagar os funcionários. Apesar disso, precisamos reforçar nosso quadro de pessoal", afirmou Cleycione. O superintendente também destacou que os gastos com a área meio superam os valores destinados à área fim. "Gastamos R$ 5,2 milhões com manutenção, água, luz, telefone, aluguel de imóveis e transporte. Por outro lado, a área fim recebeu pouco mais de R$ 3 milhões. É preciso ressaltar que a atividade finalística fica muito comprometida nesse modelo de gestão", observou Cleycione.

Os gastos do Ibram com investimentos são ainda menores, apenas R$ 93 mil, o que representa somente 0,45% de seu orçamento. "Contamos com as emendas parlamentares da Câmara Legislativa para aumentar esse valor", frisou o secretário geral do Ibram, Leoclides Arruda, também presente na apresentação do relatório. Entre as ações que se enquadram na área fim do órgão estão desocupações de parques e áreas verdes e também a desocupação da orla do Lago Paranoá. "É amedrontador que essas ações tão importantes para o DF recebam apenas 0,10% do orçamento do órgão", afirmou Cleycione.

Os gestores do Ibram também reclamaram do cancelamento de emendas parlamentares destinadas para manutenção dos parques do DF. "Havia R$ 3,8 milhões destinados no ano passado, mas 90% desse valor foi cancelado e destinado para pagamentos de folhas de outros órgãos do governo. Os 10% restantes só foram liberados no dia 27 de dezembro, portanto, sem tempo hábil para execução", reclamou Cleycione. O gestor disse ainda que o Ibram está buscando receitas próprias com a aplicação de multas, licenciamentos e concessões de uso.

O deputado Rodrigo Delmasso (Podemos), presidente da comissão, destacou a importância de se aproximar a Câmara Legislativa da gestão dos órgãos. "O Ibram deve procurar uma forma de garantir sua descentralização administrativa e financeira, assim haverá mais segurança de que as emendas parlamentares ao orçamento sejam de fato executadas". Delmasso observou ainda que a apresentação do relatório para a comissão é uma demonstração de transparência da gestão, mas lembrou que é preciso também garantir que a verba seja destinada para a finalidade do órgão.
CLDF