Exibindo Dia Mundial Sem Tabaco.jpg
Fumantes possuem entre 25 e 30 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão

O Dia Mundial Sem Tabaco, criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é comemorado anualmente no dia 31 de maio e visa alertar sobre os riscos do tabagismo. De acordo com dados divulgados, em 2016, pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), a epidemia global do tabaco chega a matar quase 6 milhões de pessoas por ano. Destas, mais de 600 mil são fumantes passivos. Entre as doenças favorecidas pelo uso do cigarro está o câncer, principalmente tumores do trato aerodigestivo, ou seja, de pulmão, cabeça e pescoço e esôfago, além daqueles que atingem órgãos como rim, ureter e bexiga.

O oncologista Rodrigo Medeiros, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês – Unidade Brasília, lembra que “todo câncer tem sua origem em uma célula previamente normal dos órgãos e tecidos do corpo humano. Essa única célula, que era absolutamente saudável, após a aquisição de mutações em seu DNA, adquire a capacidade de se reproduzir de maneira acelerada, formando o tumor. Ao inalar a fumaça do cigarro, o indivíduo está expondo as células do seu corpo a mais de 4.700 substâncias químicas, das quais aproximadamente 50 são agentes cancerígenos com o potencial de causar essas mutações”, afirma.

Além dos fumantes, aqueles que convivem com eles diariamente também se enquadram no grupo de risco. Ao inalar a fumaça do ambiente, os denominados fumantes passivos ficam expostos ao risco de adquirir mutações em suas células. “Há estudos mostrando que os cônjuges e filhos de um indivíduo tabagista podem atingir um nível de exposição compatível com o consumo de 4 cigarros por dia”, alerta Medeiros.

Câncer de Pulmão 

Além de altamente letal — causa de óbito de mais de 150 mil pessoas ao redor do mundo todos os anos — o câncer de pulmão tem relação direta com o tabagismo. Segundo o INCA, em 90% dos casos diagnosticados, a doença está associada ao consumo de derivados de tabaco. Ainda de acordo com o Instituto, no fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis, por não apresentar sintomas em sua fase inicial.

Sinais característicos da doença, como tosse, falta de ar, cansaço e emagrecimento são notados pelo paciente quando o tumor já está em estágio avançado e comprimindo o pulmão. Nesses casos, as chances de cura diminuem consideravelmente. Esta, porém, não é a única neoplasia relacionada ao tabagismo, uma vez que os pulmões são apenas as portas de entrada das substâncias cancerígenas presentes no cigarro. “Podemos afirmar que o tabagismo aumenta o risco de todos os tipos de câncer”, afirma Medeiros.

Prevenção e tratamentos

Apesar de se tratar de uma doença silenciosa, a boa notícia é que já existem tecnologias eficazes na identificação do câncer de pulmão, mesmo em fase inicial. A tomografia de baixa dose é a melhor opção para a detecção precoce. Além de se tratar de um exame praticamente sem contraindicações, rápido e que não exige nenhum preparo, não expõe os pacientes a altas doses de radiação. Por isso, é considerado um exame preventivo que pode ser realizado anualmente, ideal para determinados grupos de risco.

“Hoje, a tomografia de baixa dose é indicada como um exame de rastreamento, para um grupo determinado. São pessoas entre 55 anos e 74 anos, que fumem mais de um maço de cigarro por dia, ou que tenham parado de fumar nos últimos 15 anos. A realização desse exame, para essa população, teve um benefício claro, chegando a 20% na redução de mortalidade em casos de câncer de pulmão. Isso é um dado bastante alto”, afirma Dr. Marcus Grigolon, do Centro de Diagnósticos do Hospital Sírio-Libanês – Unidade Brasília.

As boas notícias também surgem em torno das técnicas de tratamento da doença. No começo, o mais indicado é a cirurgia para a retirada do tumor. A radioterapia e radiocirurgia também podem ser alternativas. Além desses, o tratamento que tem ganhado maior destaque nos últimos anos é a imunoterapia, que usa de medicamentos para estimular o sistema imunológico a reconhecer e destruir células cancerígenas, com resultados mais eficazes e menos tóxicos para os pacientes.

Outra evolução que tem entusiasmado especialistas é a realização de um estudo genético, que pode resultar em um tratamento ainda mais assertivo. "Um dos mais impactantes progressos na doença avançada é a possibilidade de avaliarmos o perfil genômico dos pacientes com câncer de pulmão, particularmente nos adenocarcinomas. Este subgrupo de pacientes corresponde a 70% dos casos, e em mais de 50% deles é possível identificar alguma mutação que seja útil na tomada de decisão de tratamento. É o que chamamos de medicina personalizada: tratar uma doença sabendo que o alvo foi identificado está relacionado a melhores resultados", afirma o oncologista Igor Morbeck, também do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês – Unidade Brasília.

Camila Muguruza - Destak Comunicação