Espaço prestou 9.541 atendimentos a mulheres em situação de vulnerabilidade desde a inauguração. Mostra fotográfica de rostos de vítimas de assédio marcou a comemoração nesta sexta (2).

Inaugurada em 2 de junho de 2015, a Casa da Mulher Brasileira completou 2 anos nesta sexta-feira (2). Para celebrar a data, servidores e colaboradores estiveram no local, na 601 Norte, para compartilhar experiências sobre o trabalho integrado de enfrentamento à violência contra a mulher.A secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Márcia de Alencar, fala na cerimônia de aniversário de 2 anos da Casa da Mulher Brasileira de Brasília. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Nesse período, foram acolhidas e orientadas 2.288 mulheres e prestado um total de 9.541 atendimentos voltados ao enfrentamento à violência contra a mulher. Além disso, a casa formou 470 mulheres em cursos profissionalizantes e ofereceu palestras, seminários, cursos, reuniões, encontros de rede, trocas de experiências e visitas guiadas.

Para a coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Iara Lobo, a data reflete a luta feminina. “Queremos celebrar tudo o que já foi feito, mas ainda há muito por fazer”, pontuou. A gestora reforçou a necessidade de o funcionamento ser 24 horas por dia — ele é das 8 às 20 horas.

A Casa da Mulher Brasileira integra um dos eixos do programa Mulher, Viver sem Violência, do governo federal. Pelo governo de Brasília, a gestão do espaço é responsabilidade da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
"O papel da rede de proteção às mulheres é apoiar a cada uma para rompermos com a cultura da violência e com a cultura do estupro"Márcia de Alencar, secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos

“Somos vítimas de uma cultura patriarcal, que nos reduz a objetos, submetidos a opressão secular, a culpadas quando vítimas”, elencou a secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Márcia de Alencar.

Para ela, a rede de proteção às mulheres tem o papel de romper com a cultura de violência e com a cultura do estupro características da sociedade brasileira. “Não podemos esquecer ainda que, no DF, somos mais mulheres que homens e que 56% são negras”, acrescentou Márcia, em relação ao que deveriam ser os direitos prioritários.
180Telefone da Central de Atendimento à Mulher para denunciar casos de violência doméstica

O problema da violência doméstica também foi ressaltado pela deputada federal Érika Kokay (PT-DF). “Há milhões de mulheres que temem voltar para casa porque, ao chegarem lá, são arrancadas delas mesmas, desumanizadas. Daí a importância de um local como esse para rompermos com esse ciclo”, enfatizou.

“A caminhada é árdua, mas não temos medo de enfrentá-la”, disse a colaboradora do governo Márcia Rollemberg. Ela falou sobre a necessidade não só de combater, mas de prevenir a violência por meio de ações voltadas para crianças e adolescentes, como o programa Criança Candanga.

Márcia Rollemberg definiu as mulheres como resistentes e batalhadoras. “Temos que acreditar no nosso potencial e alavancar umas às outras”, concluiu.
Serviços públicos estão reunidos na Casa da Mulher Brasileira

A unidade do DF foi a segunda inaugurada no Brasil. A primeira fica em Campo Grande (MS). De acordo com o governo federal, devem ser abertas até o fim de 2017 as unidades de Fortaleza (CE), São Luiz (MA), Boa Vista (RR) e São Paulo (SP).

O projeto reúne no mesmo espaço serviços de atendimento da mulher e filhos, como brinquedoteca, acolhimento, atendimento psicossocial, alojamento de passagem e serviço de promoção à autonomia econômica. Lá, funcionam Delegacia de Atendimento à Mulher, Centro Especializado de Atendimento à Mulher, Ministério Público, Defensoria Pública e Centro Judiciário da Mulher.A exposição fotográfica Nunca me Calarei, do fotógrafo Márcio Freitas. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Para a subdefensora pública-geral da Defensoria Pública do Distrito Federal Karla Núbia Rodrigues de Sousa, o caráter de acolhimento do lugar é a melhor forma para recuperar a autonomia das mulheres. “O trabalho em rede é fundamental para que todas as instituições cumpram seus papéis de forma articulada, todos com um só objetivo: reerguer as mulheres”, resumiu.

A secretária do Esporte, Turismo e Lazer, Leila Barros, falou de sua trajetória como atleta, na qual enfrentou o machismo e a violência. “Sofremos para termos nossos direitos de ser profissionais, mães, atletas, resultados e salários respeitados da mesma forma que os homens. Essa é uma luta diária.”

Durante a celebração, foram apresentados depoimentos de servidoras, além da exposição fotográfica Nunca me Calarei, do fotógrafo Márcio Freitas. Na mostra, o artista traz rostos de mulheres brasileiras vítimas de assédio como um convite para que outras mulheres reajam diante de qualquer forma de violência.

Casa da Mulher Brasileira de Brasília
Aberta todos os dias, das 8 às 20 horas
No Setor de Grandes Áreas Norte, Quadra 601, Lote J, Plano Piloto (atrás do Serpro)
Atendimento do Tribunal de Justiça, da Defensoria Pública e do Ministério Público: de segunda a sexta-feira, das 12 às 19 horas
Para denunciar casos de violência doméstica, ligue para a Central de Atendimento à Mulher: 180