DF deve receber 30 mil pessoas para o evento intencional em março de 2008.

Marcado para acontecer em Brasília, em março de 2018, o Fórum Mundial da Água foi tema de comissão geral – quando a sessão ordinária é transformada em debate – da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira (22). A oitava edição do evento, para a qual estão sendo esperados cerca de 30 mil pessoas de mais de 100 países, terá como tema "Compartilhando Água". A discussão foi proposta pelo deputado Chico Leite (Rede), que iniciou lembrando a crise hídrica pela qual passa o Distrito Federal.

Ele destacou a coincidência da realização do Fórum "nesse período difícil, o qual nos apresenta alternativas e oportunidades". O distrital também ressaltou que a Frente Parlamentar Ambientalista da CLDF prepara um projeto de lei, que será apresentado brevemente, tratando da preservação do bioma cerrado. Várias entidades governamentais e da sociedade civil participaram do debate e expuseram visões diferentes, porém convergentes, em torno da questão hídrica, observando aspectos regionais, nacionais e globais.

A professora Vera Catalão, da Universidade de Brasília, tratou do tema a partir do ponto de vista feminino e contestou a visão utilitarista dada ao assunto. "O ventre materno é como uma bacia hidrográfica. São as nossas primeiras águas", assegurou. Ela chamou a atenção para a importância da educação, nesse caso, e declarou que "negar água é negar a vida".

Paulino Montejo, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, relacionou a crise hídrica à crise econômica, política e climática pela qual passamos: "O modelo econômico nos trouxe a essa situação. O clima está transtornado e o modelo de desenvolvimento é a causa". Ele fez críticas ao Congresso Nacional, "que tem aprovado medidas que permitem o desmatamento em todos os biomas".

Direito – "Água não é mercadoria, é direito", anunciou Marcos Helano Montenegro, presidente da Seção DF da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, que conclamou as entidades presentes a realizarem "um Fórum direcionado à pessoa humana em todos os locais do globo". Enquanto Sérgio Augusto Ribeiro, da Secretaria de Meio Ambiente do DF, disse almejar que haja consonância entre o "fórum oficial e o fórum alternativo", referindo-se ao evento paralelo – Fórum Alternativo Mundial da Água – que reunirá movimentos sociais, sindicais e ambientais.

Para ele, o principal legado da iniciativa deverá ser "a aproximação verdadeira que Brasília irá proporcionar entre os dois eventos". E listou uma série de iniciativas da pasta, preparatórias para a programação de março do ano que vem: Conferência do Meio Ambiente, em novembro próximo; Virada do Cerrado, em setembro; e o seminário "Águas pela Paz", em outubro.

O diretor presidente da Agência Reguladora de Água, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa-DF), Paulo Salles, discorreu sobre as perspectivas para o evento e afirmou que um dos desafios será "colocar a água no topo da agenda pública mundial". Ele salientou que esta será a primeira vez que o Fórum Mundial da Água acontecerá no hemisfério sul e que o Brasil foi escolhido para sediá-lo devido ao compromisso de integrar os países da América Latina na discussão. CLDF