Estruturas espalhadas na área de visitação guardam espécies nativas e exóticas. Cada espaço necessita de cuidados específicos, a exemplo do orquidário, que existe há 25 anos e abriga cinco tipos da planta.

O Jardim Botânico de Brasília abriga sete estufas abertas ao público, com espécies diferentes de plantas. Espalhadas pela área de visitação, elas também são uma forma de contar um pouco da história do local, cujo acervo vem de doação, licitação ou coleta.As orquídeas são uma tradição nas estufas do Jardim Botânico de Brasília. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Segundo o diretor-executivo da instituição, Jeanitto Sebastião Filho, a escolha pelas espécies tem a ver com a oportunidade. “Muitas vezes, um especialista que, naquele momento, tem mais afinidade com determinada coleção.”

O orquidário, o cactário e as estufas de bromélias, de aráceas, de samambaias, de suculentas, de plantas aquáticas e dos polinizadores somam juntos mais de 3 mil espécies. Cada estrutura exige cuidados diferentes, que vão desde a arquitetura até o manejo diário das plantas.

O orquidário é a mais antiga, nasceu há 25 anos e tem a estrutura mais robusta. Em uma construção de mais de 150 metros quadrados, feita de madeira do próprio Jardim Botânico e vidro, o principal cuidado é para manter o espaço sem sol incidente nas flores e sempre bem úmido. Para isso, um espelho d’água foi construído e de 12 em 12 horas a irrigação automática é ligada.
Cada estufa tem seu curador — um servidor com a missão de conservar, preservar e multiplicar as plantas

O lugar abriga cinco tipos de orquídeas: trepadeiras, epífitas (que nascem em árvores), terrestres, aéreas e rochosas. O orquidário do Jardim Botânico de Brasília é formado, principalmente, por plantas nativas. No entanto, há espécie de lugares como Argentina e Honduras.
Cuidados especiais com as estufas do Jardim Botânico

Cada estufa tem seu curador — um servidor com a missão de conservar, preservar e multiplicar as plantas. “Elas são como minhas filhas”, brinca Jorge Pinheiro, curador do orquidário. Entre seus afazeres também está a poda, a troca do substrato e a polinização manual, com uma seringa.

O cuidado não se restringe às estufas. Antes de ser exposta ao público, cada planta ganha tratamento especial para que cresça de maneira saudável e esteja forte para ser plantada no novo lugar. Para isso, os curadores também mantêm um banco de germoplasma, destinado a preservar o patrimônio genético das plantas.

No caso das orquídeas, elas são levadas ao orquidário geralmente quando estão floridas, e há uma troca constante das plantas para a manutenção.


Irrigação segue padrões distintos

O diretor adjunto do órgão, Samuel John Guimarães, explica que a grande missão da área aberta à visitação é a educação ambiental. Autor de parte dos projetos das estufas, ele conta que as estruturas são sustentáveis, feitas com madeira.

Uma exceção, o cactário foi construído reaproveitando vigas de ferro e vidro. Longe da sombra, a estufa tem a missão de reproduzir para os cactos o ambiente ao qual estão acostumados: quente e seco.

A estruturação dessa estufa especificamente foi possível graças à doação das espécies que pertenciam a um colecionador que trabalhava no Ministério do Meio Ambiente. Ela foi criada em 2011 e tem cerca de 30 metros quadrados.

O lugar fica próximo a outras três estufas, com bromélias, samambaias e aráceas. Os locais têm sistema de irrigação — por gotejamento — e projeto de arquitetura iguais. O que muda é a quantidade de vezes que cada espécie recebe água.


As bromélias, por exemplo, de maneira geral, não exigem irrigação tão rigorosa. A disposição de cada planta foi pensada de forma que as que precisam ser molhadas mais vezes fiquem distantes das outras.

No caso das samambaias, a regra é diferente. A planta é acostumada com bastante umidade. Para diminuir o vento, também se tomou o cuidado de plantar árvores próximo à estufa.
Estufas do Jardim Botânico inauguradas em 2017

Em março, foram inauguradas outras três estruturas, para espécies aquáticas, suculentas e que atraiam polinizadores, como abelhas e beija-flores.

A de polinizadores — oitava estrutura do Jardim Botânico — ainda não tem plantas expostas para visitação, mas a expectativa é que ela esteja completamente pronta até o fim do ano.