Atualmente, valor da conta de quem usa 1 m³ é o mesmo de quem consome 10 m³. Presidente da Adasa também afirma que DF tem condição de captar volume morto de reservatórios.

Por Gabriel Luiz, G1 DF

Vista aérea do reservatório do Descoberto, no Distrito Federal (Foto: Tony Winston/GDF/Divulgação)

A conta de água do Distrito Federal vai deixar de vir com o mesmo preço para quem se enquadra na faixa de "consumo mínimo", de até 10 m³ por mês. Em entrevista ao G1 e ao Bom Dia DF, o presidente da Agência Reguladora das Águas (Adasa), Paulo Salles, disse nesta quinta-feira (12) que a intenção é incentivar a economia de água.

Atualmente, quem consome 1 m³ (ou mil litros) por mês paga o mesmo que alguém que consome 10 m³ mensais: R$ 29,50. Aproximadamente 46% dos clientes da Caesb se encaixam nesta faixa de consumo mínimo – o que corresponde a 292,8 mil imóveis.

De acordo com o presidente da Adasa, a decisão de rever a política de consumo mínimo é por perceber que não havia estímulo para que o grupo poupasse.

“A gente tem um contingente muito grande que está nesta faixa. Ou seja, tem muita água que ainda poderia ser economizada.”

Em entrevista pela manhã, o presidente tinha anunciado que a medida já valeria até o fim do ano. Ao fim do dia, no entanto, a agência voltou atrás. Em nota, a Adasa disse que são os estudos sobre o assunto que devem ser concluídos até dezembro. No entanto, não deu prazo para quando a mudança vai passar a valer na prática.
"Quando a mudança for aprovada, a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do DF) ainda terá um prazo para reestruturar o seu sistema tarifário e implementá-la - e isso pode levar alguns meses."

'Custo mínimo'

A crítica à política de tarifas da Caesb não é de hoje. Há um ano, o G1 mostrou que o grupo do "consumo mínimo" quer que haja redução na conta para quem usa menos o recurso. Na época, o presidente da Caesb, Maurício Luduvice, disse que a cobrança mínima de 10 m³ é necessária para a manutenção da rede de abastecimento.

“Elas [as pessoas] estão pagando pela disponibilidade do serviço. Isso é uma resolução da Adasa, que normaliza isso. Ou seja, as pessoas têm sempre que abrir a torneira, elas têm o direito de ter água. Então isso cobre o custo mínimo da empresa”, afirmou Luduvice há um ano.

Questionado nesta quinta sobre o impacto que a medida pode trazer para as contas da Caesb, o presidente da Adasa reconheceu que isso pode diminuir a arrecadação da empresa. No entanto, ele declarou que a preocupação atual é garantir que a população seja estimulada a poupar água.



























O presidente da Adasa, Paulo Salles, explica situação crítica dos reservatórios




Volume morto




Se for preciso, o DF tem condição de usar o volume morto dos reservatórios, garantiu Paulo Salles. Mesmo admitindo que isso pode gerar um gasto a mais para o sistema, ele afirmou que o DF tem tecnologia para isso.


O volume morto é uma faixa de água que fica abaixo da medição 0 dos reservatórios. Na prática, é como se a bacia tivesse ainda 10% de volume sobrando. “Essa água pode sim ser utilizada. O que pode acontecer é que pode exigir mais tratamento [pelo fato de vir misturada com areia e outros sedimentos do fundo da bacia].”



























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Racionamento




Paulo Salles voltou a dizer que o racionamento pode ser ampliado para dois dias, a depender do volume de chuvas e do nível de consumo da população. Se isso acontecer, os imóveis ficariam sem água por dois dias seguidos, no mesmo esquema de rodízio adotado atualmente.


Esse racionamento ampliado pode acontecer inclusive no período chuvoso, se a Adasa verificar que as chuvas não serão suficientes para encher os reservatórios. “Para dar um exemplo, esse mês choveu menos do que o esperado. Estavam previstos 160 milímetros, mas está em 20 milímetros”, enfatizou o presidente da Adasa. “Não é um fenômeno só local. É uma situação global. Temos que nos adaptar a viver com menos água.”