Discussão levou Metrô a fechar estações desde sábado; cerca de 160 mil usam serviço diariamente. Sindicalistas negam 'risco ao usuário' apontado pela direção; não há previsão para o fim da greve.
Por Marília Marques, G1 DF

Estação Arniqueiras, em Águas Claras, aberta com contingente reduzido durante a greve (Foto: Marília Marques/G1)

Em greve há duas semanas, funcionários do Metrô do Distrito Federal afirmaram ao G1, nesta quarta-feira (22), que defendem a abertura das estações com o funcionamento de 8 dos 24 trens – ou seja, um terço da frota. A direção do serviço rejeita essa possibilidade, e diz que essa operação poderia causar "risco aos usuários". Cerca de 160 mil pessoas utilizam as estações diariamente.

O debate sobre a "escala mínima" para o funcionamento do serviço fez com que, desde o último sábado (18), o serviço fosse interrompido por completo. O Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô) diz que os funcionários que comparecem aos postos são suficientes mas, com a discordância do Metrô, o serviço é interrompido por completo.

Segundo os sindicalistas, a decisão de suspender o transporte integralmente é "opção da empresa". Diretor de Assuntos Jurídicos do Sindmetrô, Leandro Santos diz que, mesmo em horário de pico, oito trens poderiam atender à população sem maiores danos.

“É melhor oferecer os serviços em horário integral do que no horário parcial. Mas infelizmente é uma decisão da diretoria da empresa".

Enquanto isso, a direção do Metrô diz que a operação com 18 trens demonstra, na prática, ser o menor quantitativo capaz de atender ao horário de pico. “Reduzir abaixo desse número poderá incorrer em insegurança nas plataformas e não atender os usuários que aguardam os trens”.

“É um risco para os usuários e o sistema metroviário como um todo.”

O Metrô diz ainda que durante a greve – uma “situação crítica para qualquer sistema de alta capacidade” –, é necessário evitar “situações-limite (stress) ao usuário”.

Metrô-DF informa que estações estão fechadas por falta de funcionários (Foto: Larissa Batista/G1 )

Braços cruzados


Nesta quarta, segundo a empresa, o Metrô precisaria de 31 pilotos para rodar com o mínimo de segurança. Pela manhã, apenas 16 compareceram ao trabalho. O número é maior do que o mínimo defendido pelo sindicato.

A situação se repetiu na bilheteria. O Metrô diz esperar um contingente mínimo de 79 agentes de estação – além de vender as passagens, eles controlam a abertura e o fechamento das estações. Nesta quarta, 31 apareceram. O Metrô diz que precisa de três agentes em cada estação, e o sindicato afirma que, mesmo fora da greve, há estações que operam com "um ou dois" profissionais.

"O sindicato não foi consultado sobre o que seria necessário para o funcionamento do Metrô", diz o dirigente da entidade.

Estação de metrô no Distrito Federal (Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília)

Negociação

Nesta quarta, representantes da empresa e do Sindicato dos Metroviários se reuniram, separadamente, com a presidência do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10) para tentar um acordo.

Como não houve consenso, segundo os metroviários, o desembargador Pedro Luis Foltran deve se manifestar sobre o andamento da paralisação. Em despacho assinado na segunda (20), Foltran manteve a decisão liminar (provisória) emitida no processo de dissídio coletivo, no último dia 8.

A liminar determina que os metroviários mantenham em atividade 90% da frota e dos empregados da companhia nos horários de pico, ou seja, das 6h às 10h e das 16h30 às 20h30. Nos demais horários, seria preciso garantir 60% do funcionamento.

Em caso de descumprimento da decisão, o desembargador estipulou o pagamento de multa diária de R$ 100 mil ao Sindicato dos Metroviários do DF.