O ano mal começou e os pais se sentem atrasados na corrida para conseguir os livros e materiais escolares mais baratos. Mês de janeiro é tempo de papelarias lotadas e reajuste de preços. O jeito é comprar livros usados ou se juntar para tentar descontos no atacado. Apesar de os pais se depararem com preços altos nas prateleiras, o Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do DF (Sindipel-DF) garante que o reajuste neste ano não passa de 4%.

O presidente do Sindipel-DF, José Aparecido, antecipa que os valores dos livros didáticos devem aumentar nas próximas semanas. Ele observa que, apesar de ser um gasto anual, e por isso programado, os pais costumam deixar tudo para a última hora. “Apenas 10% dos consumidores vão às compras em dezembro, quando está tudo mais vazio e tranquilo. Trinta por cento deles comparecem às lojas nas primeiras duas semanas de janeiro. O restante, nos 15 dias antes das aulas”, analisa.

O efeito disso é a lotação nos estabelecimentos, falta de tempo hábil de pesquisa e muita dor de cabeça para equilibrar os orçamentos com os outros gastos de início de ano. Rosana Oliveira, 45 anos, está sofrendo de todos esses problemas, já que, devido a uma viagem, atrasou a procura pelos materiais do filho de 14 anos, Lucas Vinícius, e foi às compras na última semana.Rosana economiza com livros usados. Foto: Myke Sena

A lista de material do rapaz é mais leve que de muitos devido à série em que ele está. Para ela, isso é um alívio, pois quase não precisa ir atrás de material de papelaria, apenas dos livros – que não são nada baratos. Ao todo, são 19 unidades para que ele curse o 9º ano com tranquilidade. Se todos fossem comprados novos, o preço ultrapassaria os R$ 2 mil, mas Rosana tem a receita para evitar isso.

“Eu aproveito os livros dos alunos que fizeram a série que ele vai entrar e também vendo os que ele usou no ano anterior”, afirma, ao lembrar que vai gastar R$ 700 com todos os produtos – ela só comprou nove. Uma economia de R$ 1,3 mil, sem contar o valor da venda dos usados. Pela demora em ir às livrarias, ela está torcendo para conseguir os outros livros e ficar dentro da previsão de R$ 700.

Compra coletiva para ter descontoMyke Sena/Jornal de Brasília

Na primeira vez que Rafaela Torres, 41, teve que comprar material escolar, recebeu uma planilha enorme da mãe, que citava as papelarias mais baratas para que ela conseguisse economizar. E lá foi a dona de casa a cinco estabelecimentos. Passado um tempo, ela percebeu que tinha muito trabalho com isso e nem sempre valia a economia, por conta da gasolina.

Rafaela resolveu, então, juntar as mães da sala dos filhos e comprar tudo no atacado. Utilizando os conhecimentos da formação em Economia e o amor de mãe, juntou todo mundo e passou a buscar descontos em grupo. Fez disso sua profissão sazonal. Em 2014, primeiro ano em que colocou em prática o projeto em larga escala, atendeu 137 alunos. Já neste ano, a procura cresceu bastante: foram 714.

“No começo, achava que os pais queriam economizar, mas depois vi que o que eles queriam era ganhar tempo e não ter mais trabalho”, relata. Para este ano, Rafaela conseguiu um desconto de 35% na comparação entre as papelarias, e de 15% nos livros didáticos.

A casa dela, que vira um grande galpão de material escolar, deve receber os últimos pais até o próximo dia 15. Porém, mesmo após o início das aulas, ela atende ligações de gente desesperada por produtos. Aí, não tem jeito: vai ficar mais caro. “Quero fazê-los economizar com inteligência. Se não vier antes de dezembro, eu não consigo atender”, diz a profissional, que, apesar de ter obtido desconto no atacado, afirma que os itens de papelaria tiveram aumento considerável.

Atenção às dicas

O economista Acilon Batista ensina o que fazer para conseguir poupar:

Assim que a escola liberar a lista de materiais e livros, os pais já devem começar a olhar os preços e fazer orçamentos.
Levar os filhos para a compra na papelaria nem sempre é uma boa ideia. A criança pode querer o produto mais caro e o pai ficar sem jeito de negar.

Nem todo produto pode ser comprado no atacado, como alguns livros, mas o que for possível deve ser levado.
Nunca deixar de verificar os itens da lista, pois há escolas que pedem produtos desnecessários ou que não devem ser comprados pelos pais.
Myke Sena/Jornal de Brasília

Fonte: jornal de Brasilia