Revendedores reclamam de políticas dos intermediadores que prejudicam o mercado de combustíveis

Se por um lado os motoristas se sentem reféns dos preços das bombas nos postos de gasolina do DF, os donos desses estabelecimentos reclamam que se reconhecem da mesma forma em relação as distribuidoras do insumo. De acordo com os postos, a margem de lucro das empresas, os contratos de exclusividade, os impostos caros e a dificuldade de estabelecer conversas com as distribuidoras dificultam a vida de todos e, algumas vezes, levam as companhias a falência.

A reclamação dos donos de postos da Capital vêm, em especial, dos que são da bandeira Ipiranga e da BR – duas das maiores distribuidoras. O Jornal de Brasília conversou com alguns deles e a reclamação é a mesma: os lucros das distribuidores são grandes, enquanto os deles se reduzem, dificultando qualquer tipo de segurança financeira para o comércio. E, quando há problemas financeiros, não recebem nenhum tipo de suporte.

“O sentimento é que quando há problemas os revendedores se comportam não como parceiros, mas sim como fornecedores. Se eu quebro, eles colocam outra pessoa no meu espaço”, afirma um empresário que pediu anonimato com medo de retaliações. Ele, que está no mercado há cerca de cinco anos, já viu muita gente fechar as portas porque não conseguiu suportar o lucro pequeno e a falta de ajuda.

Ele admite que só não quebrou porque demitiu mais de 50% de seus funcionários. Porém, houve meses em que o prejuízo foi de R$ 30 mil. “Na guerra de preço em que vivemos, já tive lucro de R$ 0,09 centavos por litro. Tirando a taxa do cartão de R$ 0,05, fico apenas com R$ 0,04 por litro, tendo que administrar o posto e pagar as pessoas”, lamenta ao lembrar que a situação é pior para os empresários pequenos, que tem até três postos.

O empresário não tem esperança que essa situação mude, apesar de ter um pouco mais de lucro com a melhora na economia nos últimos meses. Até porque o imposto sobre o combustível no DF é — registra — muito grande. Mesmo com uma venda média de 250 a 300 litros, por mês, o lucro não seria suficiente para cobrir os rombos quando as distribuidores cobram o que fixam para os postos.

Exclusividade atrapalha

Para piorar a situação, os donos de postos são obrigados a ter um contrato de exclusividade com a distribuidora BR ou Ipiranga. Assim, cada posto só pode vender o combustível comprado de determinada empresa. Um empresário, com mais de 10 anos no ramo, diz que a exclusividade impede que haja negociação entre distribuidores e revendedores.

“Não há contato entre as partes. Tudo é feito online. Existem até gerentes regionais, mas eles não têm poder de auxiliar nessas situações”, afirma o empresário, que também pediu para não ser identificado. Para ele, seria necessário resolver esse imbróglio com mudanças legislativas, que abordem novas formas de contrato e uma forma de permitir que todas tenham lucro e o consumidor não seja prejudicado.

Por nota, tanto a BR como a Ipiranga informaram que não interferem em preços de combustíveis. A BR destacou que “a rede revendedora sabe que pode contar com a força desta bandeira como um diferencial”.

A BR ainda disse que mantém em seu portal na internet (www.br.com.br) uma plataforma para relacionamento com seus revendedores, o Canal de Negócios.
Já a Ipiranga ressaltou que preza pelo bom relacionamento com seus revendedores e busca assegurar a competitividade para a sua rede.

Há vários fatores que determinam o preço da gasolina. Segundo a BR Distribuidora, 28% do custo vão para a Petrobras; 16% são dos impostos federais CIDE, PIS, Pasep e Cofins; e outros 28% correspondem ao ICMS. Ainda tem 13% do custo do Etanol e, por fim, 14% do valor final são para pagamento dos custos de Distribuição e Revenda.

Jornal de Brasília