Escola Classe 56, em Ceilândia, fechou as portas após assalto em janeiro; aulas deveriam retornar nesta quinta. Secretaria de Educação contratou 4 seguranças para o local.

Por Marília Marques e Bianca Marinho, G1 DF e TV Globo

Escola Classe 56, em Ceilândia, com os portões fechados há dois dias (Foto: TV Globo/Reprodução)

O medo da violência no Distrito Federal deixou quase 700 alunos sem aulas no começo do ano letivo. A Escola Classe 56, no Setor O, em Ceilândia, foi assaltada no fim de janeiro e, devido à insegurança, professores e funcionários decidiram fechar as portas e suspender as atividades, que começariam na quinta-feira (15).

Para cobrar “mais segurança”, pais e alunos também fizeram um protesto em frente à instituição na manhã desta sexta (16). No ato, o grupo levou cartazes que pediam "o mínimo para trabalhar tranquilamente".

A Secretaria de Educação do DF afirma que a escola conta com vigilantes e apoio da Policia Militar no policiamento do perímetro escolar. No entanto, de acordo com a diretora da escola, Marlene Oliveira, quatro agentes de segurança só foram contratados esta semana.

Com o reforço na segurança, a direção da escola disse que a previsão é de que as aulas voltem na segunda-feira(19). O conteúdo perdido nos dois primeiros dias do ano letivo deverá ser reposto.

'Insegurança constante'

Ao G1, a diretora contou ainda que foi uma das vítimas do assalto no mês passado, o carro dela foi roubado por cinco adolescentes, três deles, supostamente, ex-alunos da escola. Durante o assalto, foram levados carros e celulares.

"Quando abri a porta, colocaram o revólver na minha cara".

Segundo Marlene Oliveira, os pais ficaram com muito medo de mandar as crianças para a escola. Ela afirma que antes da contratação dos vigilantes, o "clima de insegurança era constante".

"Tínhamos que ficar trancados dentro da escola e eu não saía mais sozinha. Pensei em desistir, mas amo o que faço.”

"Fiquei uma semana sem vir trabalhar porque estava com muito medo. Mas tinha que pensar nos outros, guardar meu medo e enfrentar. É apenas uma minoria da comunidade, a maioria tem consciência que eles são o futuro de nosso país", desabafou a diretora.

Escola Classe 56, em Ceilândia, fechada por medo da violência, dizem professores (Foto: TV Globo/Reprodução)


A professora Leila Cabral, que dá aula para estudantes do segundo ano das séries iniciais, diz que a onda de assaltos à escola interferiu até no tipo de conteúdo oferecido aos alunos. "Ano passado tivemos quatro assaltos. Em um deles os criminosos renderam até o vigia que estava à noite e levaram quase todo patrimônio da escola", conta.

"A nossa sala de informática não tem como funcionar porque faltam computadores, nosso projeto de violão acabou porque roubaram os violões."

Professores reféns

O último assalto à escola aconteceu no último dia 27 de janeiro. Segundo a Polícia Militar, três adolescentes participaram da ação na Escola Classe 56 durante a tarde. Por causa do período de férias, não havia alunos no local.

De acordo com as vítimas, um dos suspeitos bateu no portão da escola e pediu um copo de água. Quando um funcionário atendeu, o trio aproveitou a porta aberta, invadiu e anunciou o assalto.

Já no interior da escola, os jovens fizeram a diretora e uma das professoras reféns. Além de celulares e carteiras, eles também levaram dois carros das funcionárias, que estavam estacionados nas proximidades do colégio. Horas depois, equipes da Rotam localizaram os dois veículos, que foram devolvidos às servidoras.