Conselheiro do comitê senegalês conversou com o G1 sobre preparativos. Expectativa é oferecer água potável para mais de 15 milhões até o 9º Fórum.

Por Marília Marques, G1 DF

Músicos senegaleses durante encerramento do 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (Foto: Jorge Cardoso/8º FMA)

Em um país com mais de 15 milhões de habitantes, o Senegal pretende levar o acesso à água potável e saneamento para 100% da população até 2021. O país do oeste africano será sede da 9ª edição do Fórum Mundial da Água, maior evento mundial sobre o tema. O prazo para universalizar o abastecimento foi informado ao G1 nesta semana, durante a 8ª edição do encontro, em Brasília.

O evento terminou nesta sexta-feira (23). Durante cinco dias, 97 mil pessoas de 172 países debateram formas de aumentar a eficiência de uso dos recursos hídricos, e mecanismos para garantir água de qualidade para todos.

À reportagem, o ex-ministro de Recursos Hídricos do Senegal, Bai-Mass Taal, afirmou que o país já oferece água de qualidade a 90% da população. Taal é conselheiro especial do comitê que prepara o 9º Fórum Mundial da Água.




Segundo ele, os dados mais críticos do país africano são ligados ao saneamento. Em 2014, os sistemas de coleta se espalhavam por menos da metade do país. Na área rural, onde vivem 67% dos senegaleses, o quadro é ainda mais grave.

"No Senegal, não é todo mundo que tem acesso à água, mas o país está fazendo um trabalho para isso. A previsão é de que o acesso [universal] exista até 2021."

Estande do Senegal, país que vai sediar 9ª edição do fórum (Foto: Sergio Amaral/8º FMA)

Pouca chuva, muita fé

Segundo o ex-ministro, o Senegal acumula apenas três meses de chuva durante o ano. Mesmo com a adversidade climática, a meta para universalização da água pode acontecer nove anos antes do "previsto". Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estimam que a conquista desse direito, em todo o mundo, deve ocorrer até 2030.

"Como não está chovendo muito, o país está fazendo muita conservação de água. Senegal tem água dentro do solo e, agora, precisa de equipamentos para extraí-la."

De acordo com um jornal local – "Le 360 Afrique" –, apenas 4% das aldeias do país, do total de 400, estão ligadas à rede de água senegalesa. O ex-oficial de comunicação da Companhia Nacional de Água do Senegal (Sonees), Momar Seyni Ndiaye, explica que o abastecimento de água obedece a várias "razões" de rentabilidade”, o que causaria esse "desequilíbrio que priva grande parte da população desse precioso líquido".

Conselheiro espcial do Comitês Preparatório do 9º Fórum Mundial da Água no Senegal, Bai-Massa Taal (Foto: Marília Marques/G1)

Troca com Brasil

Durante a entrevista, Taal disse acompanhar a crise hídrica enfrentada há mais de um ano pelo Distrito Federal. Desde 2017, a capital do país enfrenta 24 horas de restrição a cada seis dias, em um rodízio pelas regiões administrativas. Nesta sexta (23), o reservatório do Descoberto – principal da região – operava com 71,2% da capacidade.

Ao observar a situação, o ex-ministro recomendou que o Brasil passe a "conservar a água", considerada por ele como "uma pérola que todos têm que cuidar".

Mapa mostra Senegal, no lado oeste do continente africano (Foto: Google/Reprodução)

Senegal

De maioria islâmica, o Senegal é a 84ª maior economia de exportação no mundo. Em 2016, o país exportou US$ 2,54 bilhões e importou US$ 5,47 bilhões, resultando em um saldo comercial positivo de US$ 2,93 bilhões, segundo dados do Observatório de Complexidade Econômica (OEC).


O país faz fronteira com a Guiné, a Gâmbia, a Guiné-Bissau, o Mali e a Mauritânia por terra e Cabo Verde por mar. É banhado pelo Oceano Atlântico e a sua capital, a cidade de Dacar, é conhecida por ser o ponto mais a oeste do país.