Evento deste domingo (25) chama atenção para inclusão de pessoas com a trissomia.
Por G1 DF

Primeira professora com síndrome de Down do Brasil, Débora Seabra, com o livro infantil 'Débora Conta Histórias', lançado em 2013 (Foto: Débora Seabra/Arquivo pessoal).

A primeira professora com síndrome de Down do Brasil, Débora Seabra participa, neste domingo (25), da caminhada que chama a atenção de Brasília para a mutação genética. A CaminhaDown começa às 9h no estacionamento 10 do Parque da Cidade.

Durante o evento, a professora – que também é escritora – vai participar de um bate-papo e uma sessão de autógrafos do livro infantil "Débora Conta Histórias", lançado em 2013, que reúne fábulas com a temática de diversidade. Textos dela também serão lidos por uma contadoras de histórias.

Na semana passada, a professora, de 36 anos, foi alvo de comentários discriminatórios da desembargadora Marília Castro Neves, do Rio de Janeiro. (Entenda o caso abaixo).

Em resposta, Débora disse que ensina muitas coisas para as crianças. "A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais."

Débora Seabra, de 31 anos, com alunos na Escola Doméstica de Natal (Foto: Arquivo pessoal)

Débora foi considerada uma das três personalidades de destaque na educação do país em 2015, quando recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação. A menção honrosa é concedida anualmente pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados do Distrito Federal.

Formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Débora é professora auxiliar há 13 anos em uma escola particular em Natal, no Rio Grande do Norte. Ela trabalha com educação desde os 20 anos.

CaminhaDown


3ª CaminhaDown em Brasília, no Parque da Cidade (Foto: Gi Salles/Divulgação)


Durante a manhã da caminhada, o Parque da Cidade será lugar de brincadeira e diversão. Os grupos Tumba La Catumba e Batunkenjé se apresentam com instrumentos musicais e palhaçaria e a dupla Léo e Lupa conduzem uma vivência musical, com ciranda e percussão.


Também vai ter pintura de rosto, brinquedoteca para as crianças pequenas e feira de troca de brinquedos e livros infantis – tudo de graça. No ano passado, a caminhada reuniu cerca de 700 pessoas.
Brinquedos para crianças durante CaminhaDown no Parque da Cidade em Brasília (Foto: Gi Salles/Divulgação)

Mãe de uma menina de 8 anos com síndrome de Down, a presidente da Associação DFDown, Cléo Bohn, disse ao G1 que a principal barreira à inclusão de pessoas com a trissomia ainda é o preconceito.



"É preciso entender que síndrome de Down não é uma doença."

"É apenas uma alteração genética que pode atrapalhar o desenvolvimento", explicou. "Se forem dadas condições, pessoas com síndrome de Down podem chegar à faculdade, ao mercado de trabalho, se tornar bailarinas, artesãos, professores."

"Queremos oportunidade, porque cada um do seu jeito tem como se colocar no mundo e contribuir de alguma forma", concluiu.

'Quem discrimina é criminoso'


Desembargadora postou comentários sobre professores com Down (Foto: Reprodução/Facebook)


Em uma postagem feita na internet, a desembargadora carioca Marília Castro Neves questiona o que professores com síndrome de Down podem ensinar a alguém. Recentemente, a juíza publicou também notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro.


"Ouço que o Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!! Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social... Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem???? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?", escreveu em um grupo de juízes no Facebook.

Também nas redes sociais, a professora Débora Seabra publicou uma carta em resposta à desembargadora. "Não quero bater boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal (RN)."

"[...] Eu ensino muitas coisas para as crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais", disse. "O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime."

"Quem discrimina é criminoso."