Preparativos estão a todo vapor para que tudo fique pronto até sexta. Foto: Kleber Lima

Serão pelo menos 17. A maior, em Planaltina, deve reunir 130 mil fiéis.

Fé e compaixão. A Sexta-Feira Santa se aproxima e os brasilienses – católicos ou não – podem conferir a encenação de pelo menos 17 vias-sacras. O maior espetáculo no DF, que marca as 14 estações por onde Jesus Cristo passou até ser crucificado, é o do Morro da Capelinha, em Planaltina. Este ano, o grupo Via Sacra Ao Vivo comemora os 45 anos e espera receber 130 mil fiéis.

“Tudo surgiu a partir do sonho do padre Aleixo Susin, que foi o primeiro pároco da Paróquia São Sebastião, em Planaltina. Ele sonhou que tinha uma multidão seguindo para o morro, como uma pequena peregrinação, com Jesus carregando a cruz. No ano seguinte ele juntou algumas pessoas da paróquia e fez uma procissão em direção ao morro. Assim foi nossa primeira via sacra”, conta o atual diretor-geral da encenação, Uarlen Dias, de 32 anos, que ainda nem havia nascido quando tudo começou.

Ele detalha que, em 1973, eram cerca de 50 figurantes. “Foi crescendo ao longo dos anos, e é lindo de ver”, admite. A história de Uarlen no projeto começou há 20 anos, ainda criança. De lá para cá, foi ator, coordenador, e agora surgiu a oportunidade na direção. Ele precisa organizar 1,4 mil pessoas, entre atores e staff.

O Morro da Capelinha está nos últimos ajustes para esta sexta-feira. “Estamos finalizando a montagem de algumas estruturas e a pintura dos cenários. Este ano mudamos as cores, fazendo uma aproximação com imagens de filmes”, explica. Os detalhes foram pensados pelas sete igrejas de Planaltina.

A inovação vai além. Todo ano há algum diferencial, mas é sempre uma surpresa. “É uma história de mais de dois mil anos, então precisamos inovar. Para isso, procuramos aproximar cada vez mais da Bíblia, fazemos pesquisas de imagens para ficar bem real. O que posso contar é que, por ser a comemoração dos 45 anos, vamos fazer uma grande homenagem ao público e aos membros da encenação”, diz o diretor-geral.

Para Uarlen, o que paga todo o esforço envolvido neste trabalho voluntário é poder ver a emoção das pessoas. “É fé, é amor. É um trabalho de gratidão a Deus, uma forma de agradecer por tudo que ele fez e faz por mim”, finaliza.

Para quem desejar participar da programação, o grupo Via Sacra Ao Vivo de Planaltina terá encenações amanhã, retratando a Santa Ceia e a prisão de Jesus Cristo, a partir das 20h no estacionamento ao lado da administração regional. Na sexta-feira, a Via Sacra acontecerá no Morro da Capelinha, das 15h às 21h. Para encerrar a Semana Santa, o grupo ainda promoverá um show após a missa das 17h, com a presença da banda Anjos de Resgate. O encerramento acontecerá no estacionamento ao lado da administração.

Fé de todas as religiões

Em outra parte do DF, Brazlândia, o grupo teatral Geração Nascente foi fundado em 1976 pelo policial Ronaldo Ivan – que desde então representa Jesus Cristo. Diferentemente de outros, eles não são associados a paróquia católica. “Católico, evangélico, espírita. Temos pessoas de todas as religiões”, afirma o vice-presidente do grupo, Mateus Alencar, 19 anos. Para eles, muito mais do que reforçar uma religião, a encenação tem seu peso pelo que ela representa. “O mais importante é a fé, o amor e a humildade”, resume.

Na fundação do grupo, eles contavam com 15 atores. “Neste ano serão pelo menos 100 pessoas”, estima. Ao longo do caminho, a intenção era recrutar jovens como Mateus. Neste ano, apostaram em algo ainda mais diferenciado. “Nossa comissão de apoio está percorrendo escolas para que a comunidade participe nos papéis. Nós dependemos de doações de empresários, alguns políticos, mas a maioria vem da população, então é importante que eles também participem”, completa.

Apesar de pequena – em tamanho e não em fé -, a expectativa é de que a via crúcis reúna até 30 mil pessoas. A encenação da Via Sacra do grupo Geração Renascente começará às 16h, na praça da Administração de Brazlândia, e seguirá até o Morro dos Milagres, na Quadra 12 norte.

Fonte: jornal de Brasilia