Ela prometeu que, se eleita, vetará a participação de empresas da sua família em licitações do GDF e garantiu que não renovará os contratos.

Com as bênçãos do clã Roriz, Eliana Pedrosa (Pros) segue em frente na sua pré-candidatura ao Governo de Brasília. Convidada pelo JBr. a abrir a série de sabatinas com os aspirantes ao Buriti, a ex-deputada distrital e ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do DF disse não crer que escândalos sobre a família do ex-governador Joaquim Roriz prejudiquem suas pretensões.

Quando perguntada sobre contratos que empresas de sua família mantêm com o governo, ela prometeu, em caso de vitória, retirá-las das licitações e não renovar os contratos. Eliana Pedrosa negou que a pré-candidatura seja um blefe e confirmou que fará indicações para cargos comissionados, mas assegurou que todos os nomes terão de ter capacidade técnica e serão avaliados antes de serem nomeados. Ela ainda prometeu foco na questão social e na educação.

Sua candidatura é para valer? O Pros não poderá precisar sacrificar sua pré-candidatura para os acertos nacionais?
O Pros abriu as portas para mim. E tenho encontrado no presidente do partido e na executiva um apoio total à minha pré-candidatura. Inclusive, o partido busca interlocução em nível nacional para fortalecer essa pré-candidatura no DF.

De minha parte, venho com essa vontade de chegar ao governo por uma motivação que começou há três eleições, durante uma caminhada em que fazia panfletagem para minha eleição de deputada distrital, quando um rapaz de Planaltina me pegou pelo braço e me jogou no barraco dele.

Ele colocou um revólver 38 na minha cabeça e perguntou se eu era política. Não sei, acho que falei que era; o nervosismo era grande. E ele falou: “O que você vai fazer por nós, jovens de Planaltina?” Repetiu a pergunta. Não sei, nem lembro exatamente o que falei. E ele ainda disse: “Você acha que eu gostaria de estar assaltando? Roubando? Você acha que eu não gostaria de ser o orgulho da minha mãe?” E ordenou; “Sai daqui! Sai daqui!” Não fiz queixa.

Não queria que ele fosse preso, porque entendi que naquele momento era um grito de socorro por todos os jovens do Brasil. Pensei nele, que achava que não tinha mais uma chance de recuperação. Pensei na mãe dele, que deve se perguntar: “Onde eu falhei?”. E digo que quem falhou foi o Estado, sem escola de qualidade. Deus permitiu que eu fosse eleita. Fui secretária de Desenvolvimento Social e dei o melhor de mim.

Fiz programas para todas as faixas etárias, em especial para os jovens. Nós tínhamos bons programas, mas quem decide, a caneta que decide para onde vai o orçamento, é a do governador. Quando você trata do jovem, da criança, você está tratando do todo. As pessoas desacreditavam da minha intenção de ser governadora. E eu sempre buscava essa força dentro de mim. Toda vez que me falavam que eu não ia ser pré-candidata ao governo, eu me lembrava daquele menino.

Qual sua avaliação da greve dos caminhoneiros?
Ela é importante para mostrar para todos nós que não vamos vencer essa carga tributária escorchante, se não fizermos alguma coisa. Talvez tenha havido algum excesso. Mas que sirva de exemplo. Existem três ou quatro projetos de lei do imposto único. A CPMF, lá atrás, surgiu para fazer a substituição de todos os impostos. Mas não vingou.

O Estado, na sua ânsia de arrecadação, terminou fazendo a CPMF mais os impostos. E aqueles que não querem que se saiba a origem do dinheiro, traficantes por exemplo, começaram a trabalhar para formar uma opinião para que a CPMF fosse extinta. Ela não teria que ser extinta. Os outros impostos, sim.

Quando o [presidente Michel] Temer assumiu, fizemos um estudo com 2% na entrada e 2% saída na esfera federal. Poderíamos extinguir os impostos nacionais, com mais 4% nos impostos dos estados. Digo que com 8% poderíamos substituir todos os impostos. O Brasil tem que acordar para isso. Depois do movimento dos caminhoneiros, nós vamos ter que pagar essa conta.

A família Roriz apoia sua pré-candidatura. Muitos membros do clã respondem a processos e têm os nomes envolvidos com escândalos. Isso pode contaminar sua pré-campanha?
Foi muito importante esse apoio que recebi da família Roriz. Nessa caminhada, conversava com as pessoas e percebia uma saudade imensa do governador Roriz, porque ele era um governador que tinha esse carinho pelo povo. E ele sabia traduzir em ações aquilo que ouvia.

Tive vários testemunhos desse encantamento que o Roriz exercia, porque sabia ouvir. Quando busco diálogo com a família Roriz, não faço isso apenas como uma jogada política, mas principalmente porque vi que tínhamos pontos de convergência. Minha agenda é social. É jovem. É a menina que engravida cedo e pensa no aborto. O aborto não é solução, minha gente. Isso vai deixar uma sequela enorme nessa mulher e causar o assassinato de um bebezinho.

Não acha que os escândalos da família Roriz possam afetar sua pré-campanha?
Não, acredito que não. As filhas do governador, Jaqueline e Liliane Roriz, estão apresentando suas defesas no Poder Judiciário. O problema deles está no Judiciário. E nós estamos aqui trabalhando nos posicionamentos da dona Weslian Roriz e na figura do ex- governador Joaquim Roriz.

Como a senhora avalia as questões do Estádio Nacional Mané Garrincha e do Centro Administrativo?
Quanto ao estádio, está em curso uma PPP [Parceira Público-Privada] que deve dar um bom resultado. Com essa PPP trazendo pessoas com expertise, que façam uma administração e tirem esse custo do Estado, contribuindo com impostos, estaremos a meio caminho da solução.

Quanto ao Centro Administrativo, é um absurdo que um lugar, num espaço extremamente valioso, fique sem ocupação. Dói no coração, porque daqui a pouco estará deteriorado. Penso na universidade pública do Distrito Federal que existe no papel há anos.

[Poderiam] pegar parte do espaço e fazer a universidade pública, com curso de licenciatura, química, cursos de nutrição fisioterapia, ou seja, um bloco destinado a universidade. Depois, uma grande policlínica e também um setor de cursos profissionalizantes.

Em 2012, quando deputada, a senhora foi denunciada por improbidade administrativa, acusada de criar cargos na Fundação Câmara Legislativa para empregar aliados. Um dos principais problemas na estrutura do GDF hoje é a indicação de apadrinhados. Em algumas administrações regionais, o índice chegam a 90%. Como a senhora pretende atender aos pleitos dos aliados, dos que a ajudaram a ser eleita, sem prejudicar a funcionalidade pública com cabides de emprego?
Nunca admiti contratar quem não trabalhasse em carga horária completa, que não tivesse o perfil para o cargo e compromisso com os resultados. Indicações são naturais e corretas. Trabalharam para que você conseguisse seu objetivo, então têm que ser honradas, mas qual o perfil técnico? O que importa é isso. Não é a indicação. Mas às vezes deixam que façam indicações sem perfil técnico, que não dão resultado, e isso não podemos admitir mais. Não deu resultado, sai e cede lugar para outro.

O seu governo vai focar em educação em tempo integral?
Quero pegar todos os programas do governo e colocar dentro da escola. Quero fazer mais com o mesmo. Vamos pegar os programas que existem e focar na escola.

As empresas de limpeza da sua família fecham contratos milionários com o Executivo há anos. Recentemente, mais um foi fechado com a Polícia Civil, com dispensa de licitação. Só este ano, a Dinâmica já recebeu mais de R$ 16 milhões do GDF. Como governadora, manterá esse tipo de relação?
Só para esclarecer, 80% desse contrato vão para folha de pagamento, sem contar insumos e impostos. Essa questão empresarial com a minha família foi o que mais discuti em casa e está muito bem resolvida. Se ganhar as eleições, as empresas da minha família não vão mais participar de licitações do GDF.

E quanto aos contratos em já existentes? Serão renovados?
Se tem contrato em vigência, precisa honrar, mas penso que não renovaremos. É um compromisso.

Fonte: Jornal de Brasília