Helen Cristina Caldeira se prepara para o mundial de ultramaratona na Croácia, em setembro. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Servidora começou a correr de forma despretensiosa e hoje acumula vitórias. Na Croácia, ela vai encarar prova de 100 quilômetros.

Já se imaginou correndo por 100 quilômetros, sem parar? E se te disserem que você terá menos de dez horas para completar o percurso, ainda acha que aguenta? Pois foi isso que a professora da rede pública Helen Cristina Caldeira, 47, fez. Toda essa disposição a classificou para o Mundial de Ultramaratona (nome dado para as corridas que ultrapassam os 42 km) que ocorrerá na Croácia, em setembro deste ano.

A relação entre ela e a corrida, no entanto, começou por acaso. A intenção de passar na prova de resistência do concurso da Polícia Civil foi o primeiro contato com treinos regulares. Conhecer o marido que já praticava esportes, logo depois, foi um incentivo ainda maior.

“A gente começou a treinar junto, só que eu nunca corria pensando em competição. Eu corria pelo prazer de correr”, conta Helen.

Essa satisfação que sentia toda vez que saía à noite para correr levou Helen a se inscrever em competições entre 5 e 10 quilômetros. Os resultados, segundo ela, serviram de combustível para cada vez mais aumentar o espaço percorrido. “Começou a vir um troféu aqui, outro ali, e eu procurei uma assessoria. Aí que eu fui intensificando”, lembra.

A partir do treinamento regular, ela se sentiu confiante para correr grandes distâncias. Passou por meia maratona (21 km), maratona completa (42 km) até decidir fazer a Volta do Lago: 60 quilômetros. “Fiz três anos, e logo na primeira vez cheguei em primeiro lugar. Aí pensei: ano que vem vou fazer de novo. Na segunda vez também fiquei em primeiro. Ano passado, de novo. Então chegou este ano e decidi tentar correr 100 km.”, relata.Helen Cristina Caldeira se prepara para o mundial de ultramaratona na Croácia, em setembro. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Treinamento

Apesar dos excelentes resultados, Helen não tem patrocínio nenhum. A falta de incentivo acaba levando a algumas precariedades na preparação, como, na nutrição. “Nutricionista esportivo é muito caro, então eu ia pela minha experiência. Organizando alimentação, pelo o que já tinha aprendido”, confessa. A musculação também não tem luxo é feita na própria pequena academia do prédio dela.

No campo da preparação física, ela quem arranjou uma assessoria para poder treinar. “Me passam o treino de velocidade e vão orientando com relação aos treinos de distância, qual o ritmo que quer que a gente faça”. Isso durante a semana, porque sábados e domingos ela percorre grandes distâncias. “Normalmente saio de Águas Claras e vou lá para o Eixão, Ponte JK, Pontão…”, exemplifica a corredora.
O treinador dela é o profissional de educação física Júlio Ventura, 42. Para ele, grande parte do desempenho que Helen obtém é fruto da forma que ela encara os treinos. “A dedicação que ela tem é muito grande. Além disso, ela leva os treinamentos de uma maneira muito leve, prazerosa”, destaca.Helen Cristina Caldeira se prepara para o mundial de ultramaratona na Croácia, em setembro. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Classificação para o Mundial

A corrida, segundo ela, não foi fácil. A cada três horas ela parava por apenas um ou dois minutos para comer, e mesmo assim era pouco. “A gente não sente fome, então come uma, duas batatas”. Todo esse esforço, no entanto, foi recompensado na chegada. “Foi emocionante, porque todo lugar que eu passava tinha gente gritando e incentivando, ainda mais porque eu era a primeira de Brasília a conseguir conquistar a prova”, relembra.

Helen admite que nem sabia que poderia se classificar: “Fiz a Volta do Lago sem nem imaginar, porque meu objetivo maior era completar os 100 quilômetros”, lembra. Foi com a primeira colocação e o tempo de 09:35’51’’, contando as pequenas paradas para comer ou ir ao banheiro, que veio a convocação da Confederação Brasileira de Atletismo.

Agora, ela busca organizar as contas e a vida de professora para conseguir ir à Croácia e competir no dia 8 de setembro. Apesar dos resultados, ela não se deixa levar. Continua encarando a atividade da mesma forma de quando começou: “É na corrida que eu me encontro”, completa.

Fonte: Jornal de Brasília