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Após 16 anos do 1º álbum, Tribalistas finalmente sobem ao palco para primeiro show na capital

Com toda rebeldia que a adolescência pede, Tribalistas, aos 16 anos de vida, quebrou o padrão que cumpria até então, e decidiu tomar os palcos pela primeira vez. O anúncio veio com o lançamento do segundo álbum, em agosto do ano passado, intitulado apenas de Tribalistas, justamente como o primeiro, de 2002. Passadas sete cidades – e oito apresentações -, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte desembarcam na capital federal, tomando o Estádio Nacional Mané Garrincha (Eixo Monumental) de assalto.

A tríade nasceu pouco antes de sua estreia. Foi em Salvador, onde Marisa se juntava a Arnaldo para a colaboração na faixa Paradeiro, pertencente ao disco homônimo do cantor, produzido por Brown. Assim, ainda na capital baiana, os três se juntaram para compor, e lançaram o resultado da união no ano seguinte. Tribalistas (2002) explodiu, vendendo – legalmente – mais de 2,5 milhões de cópias.

À época de seu arremesso na música brasileira, sem abarcar uma turnê, as 13 canções do CD invadiram as rádios, as novelas e a cabeça do brasileiro. A ausência dos palcos se estendeu a lançamentos, perdurando o hiato por 15 anos. Até que em 2017, sem aviso prévio, os amigos divulgaram quatro novas faixas que alcançaram rapidamente as paradas brasileiras de plataformas de streaming. Em agosto do mesmo ano, o álbum Tribalistas (2017) entregou 10 títulos inéditos.

Atravessando composições para além dos dois discos Tribalistas, o repertório do show que chega amanhã à cidade abraça quase três dezenas de faixas. As clássicas Já Sei Namorar, Velha Infância e Passe em Casa, e as recentes Aliança, Diáspora e Um Só dividem espaço com Não é Fácil, Sem Você e Busy Man, de Marisa, Arnaldo e Carlinhos, respectivamente.

A apresentação, que já carregou 40 mil pessoas em São Paulo, envolve 400 pessoas na produção. Apenas a montagem dura seis dias, dimensão mais do que esperada para um show aguardado há mais de uma década. Acompanhando a intensa calmaria sonora, a tecnologia toma espaço com projeções de dois telões com mais de oito metros de altura cada. Construído para a grandiosidade, o show tem Batman Zavareze como diretor de arte.

Responsável pela cenografia de fechamento das Olimpíadas de 2016, o artista multimídia permeou o projeto tribal desde o início. Para a turnê 2018, a ideia era criar uma personalidade visual que englobasse os “Brasis” que formam o trio.

“Tribalistas é uma soma, em que três artistas se dividem para somar. Os caminhos não poderiam se caracterizar individualmente, mas, sim, marcar esse pacto”, explica Zavareze ao Jornal de Brasília. Contando com a referência paulista de Arnaldo, a baianidade de Brown e a carioquice de Marisa, “nosso grupo é feito de diferenças”, atesta a cantora. “É um grupo transgênero, com homem e mulher”.

Apanhando, então, fotografias pessoais, filmes retrôs – com imagens de Mário Peixoto – e fotopinturas de Júlio Santos, Batman construiu um mundo visual para cada canção. “O cenário pode transmitir o show, ao vivo, para quem está longe do palco, mas também vira peça minimalista, podendo tomar forma de um grande mar. Ele estrapola a música”, adianta o diretor, apontando Diáspora como o ponto mais complexo, em razão da temática de imigração da faixa.

Aliás, não é só Diáspora que marca o mergulho do trio em temáticas sociais. Gritando força para movimentos de ocupação em Lutar e Vencer, e vestindo opostos da sociedade em Um Só, Tribalistas mostra um lado menos romântico, mantendo a linha melódica – parecida com a do primeiro trabalho. Para Brown, isso é apenas um reflexo do cenário atual. “Não escolhemos temas, os temas nos escolhem”.

Além das 23 composições lançadas, o trio continua em produção. Após Brasília, a turnê se encerra na capital mineira, seguindo, então, para o continente europeu. Ainda sem previsão para nova retomada tupiniquim, Arnaldo declara: “Estão falando muito sobre a nossa volta. Nós nunca fomos”.

Acompanhando o trio no palco, Pedro Baby (violão e guitarra), filho de Baby do Brasil, se junta aos músicos Dadi Carvalho (baixo, guitarra, bandolim e teclados), Pretinho da Serrinha (cavaquinho) e Marcelo Costa (bateria).

Se juntadas todas as composições de Arnaldo, Carlinhos e ‘Zé’, como Marisa é chamada pelos dois companheiros, – em duplas ou trio – o resultado passa dos 80 títulos.

Serviço

Tribalistas em Brasília
No sábado (1º), às 21h (abertura dos portões às 18h)
No Estádio Nacional Mané Garrincha (Eixo Monumental). Ingressos variam entre R$ 260 e R$ 500. Informações: atendimento@eventim.com.br. Não recomendado para menores de 16 anos.