Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasilia

Com a previsão de até 4,5% de aumento nas vendas, contratações seguem o embalo. Oferta de vagas deve ser 15% maior em relação a 2017

Pode parecer cedo, mas o comércio já começa a se preparar para as festas de Natal e de Ano Novo. Historicamente, esse é o período em que os comerciantes faturam mais do que em qualquer outra data comemorativa. A previsão é de que, neste ano, as vendas cresçam 4,5%. A movimentação também é favorável para quem está à procura de emprego: a oferta de vagas deve ser 15% maior em relação a 2017. Consultores de recursos humanos ressaltam que as vagas temporárias são uma grande chance de se obter um emprego fixo e orientam sobre como garantir uma delas.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), Edson de Castro, o resultado das eleições – principalmente, a presidencial – poderá influenciar diretamente no comportamento dos consumidores. A expectativa inicial é de que as vendas aumentem até 4,5% este ano – enquanto o ano passado o crescimento foi de 3%. “Roupas, calçados, perfumes e objetos para o lar serão os líderes de venda no final do ano”, aponta Castro.

Termômetro

No entanto, o presidente do Sindivarejista pondera que é preciso aguardar o resultado do consumo no Dia das Crianças, celebrado 12 de outubro, para se ter um cenário mais claro das contratações de fim de ano. “A gente estima que o comércio cresça de 3,5% a 4% no feriado das crianças. Se a data de outubro fechar com índice positivo, o Natal também será”, pontua.

Castro lembra que o Natal é, em disparada, a melhor data para o comércio. “Sabemos que Brasília tem um grande número de servidores públicos e, diferentemente de outros estados, aqui todos recebem em dia. Então, o Natal é a oportunidade para as pessoas consumirem mais, por conta também do pagamento do 13º salário”, afirma.

O bom cenário favorece a geração de empregos. A previsão do Sindivarejista é que neste ano 800 vagas sejam abertas a partir de outubro – aumento de 15% nas oportunidades, já que no ano passado foram 700.

Preparação para a data leva o ano todo

A empresária Cremilda Zerneri, 54 anos, é proprietária de uma loja de decoração em Taguatinga. Ela já se prepara para o Natal de 2018 desde o ano passado. “Enquanto está acontecendo a festa de um ano, a gente se programa para o outro. Em outubro ocorre uma feira na China que é referência em decoração, então sempre trabalhamos com um ano de antecedência”, conta.

A expectativa da dona da loja de decoração é de que o auge das vendas seja em novembro. Para dar conta de atender a todos os clientes, Cremilda terá de contratar temporariamente 35 funcionários. “Vamos contratando aos poucos, porque a demanda vem gradativamente. Esse número é só para os artigos de Natal”, ressalta.

A procura pelos itens festivos é tanta que há nove anos ela criou um espaço exclusivo para a época, que costuma ficar fechado nos outros meses do ano. A “loja de Natal” tem quase mil metros quadrados e, todos anos, recebe comerciantes, síndicos de condomínios e donas de casa em busca da árvore de Natal, guirlandas ou outros objetos típicos da data. Neste ano, o espaço foi inaugurado no último sábado. “Estou me antecipando para sair na frente”, diz a empresária, confiante.

Que crise?

Na avaliação de Cremilda, por mais surpreendente que pareça, a crise econômica que o País enfrenta colaborou para o setor de decoração. “Notei que as pessoas deixam de viajar, de ir a um restaurante, para juntar toda a família em casa. Os anfitriões que vão receber as visitas querem que a residência esteja toda decorada. Já os comerciantes desejam atrair os clientes. Então sempre procuram deixar a vitrine bonita e decorada para chamar atenção”, justifica a “especialista” no assunto.

Ela acredita ainda que, este ano, as vendas serão melhores do que 2017. “Estamos otimistas. Sinto que a economia tem se recuperado aos poucos e acho que este ano vamos vender mais que no ano passado. Por isso, investi na decoração da loja, na escolha das mercadorias. Até contratei um decorador de São Paulo para me ajudar a montar o espaço”, afirma.

Tendências

No estabelecimento, como de costume, o verde e o vermelho sobressaem. Mas aqueles consumidores que desejam um Natal mais diferente também encontram outras cores e decorações temáticas, como itens da Minnie e do Mickey. E Cremilda garante haver opções para todos os bolsos. Todas as mercadorias são importadas: vieram da China ou da Alemanha.

Uma coisa leva a outra

Em sintonia com a previsão do Sindivarejista, Bruno Goytisolo, diretor da Véli, empresa de consultoria de RH, estima que o comércio pode ter um aumento de 15% a 20% nas vagas de emprego: “O aquecimento da atividade comercial proporcionado pelo Natal condiciona as lojas a aumentar o quadro de funcionários, principalmente vendedores, supervisores e estoquistas”.

Segundo o consultor, as vagas devem começar a surgir em outubro e novembro. “Lojas de shopping contratam mais. Pelo que tenho acompanhado no setor, este ano o empresariado já está mais confiante. Será uma ótima oportunidade para que as pessoas encontrem um emprego”, destaca.

A consultora de vendas Lorena Magalhães de Oliveira, 31 anos, trabalha em uma loja de chocolates de um shopping na área central. Ela começou em uma vaga temporária no Natal anterior e teve a carteira assinada este ano. “Entrei em novembro. Eram 14 pessoas temporárias, então era uma guerra para ver quem se destacava”, lembra.

Apesar da disputa, Lorena se manteve concentrada. “Estava desempregada e sabia muito bem que não estava fácil encontrar emprego. Muitos entraram só para ganhar dinheiro, não queriam um emprego fixo. Eu queria ficar. Procurei dar o meu melhor e acabou que fui contratada em junho”, comemora.

A busca, porém, não foi fácil até mesmo para uma vaga temporária. “Nunca tinha trabalhado em shopping. Fiquei dez anos em uma empresa privada, mas fui demitida. Quando saí, só fiz bicos. Me inscrevi em vários sites de emprego. Foi quando surgiu a oportunidade”, relembra.

Atualmente, a loja conta com seis funcionárias, entre elas Lorena. A vendedora diz estar feliz com o emprego: “Para mim, a vaga representa uma oportunidade de crescimento. Estava desempregada e agora tenho um trabalho com todos os direitos assegurados”.

Como conseguir uma vaga temporária

Rafaella Andrade, consultora de RH, indica que este é o momento de se começar a procurar a oportunidade da vaga temporária. Por ainda estar distante do auge nas vendas de Natal, ela sugere que o interessado procure pessoalmente a companhia na qual deseja trabalhar.

“Nessa época, poucas empresas estão chamando, mas já estão se planejando para ter tudo preparado. Começam a montar um banco de seleção e currículos”, aponta. “Por isso, se a pessoa for ao local, isso já vai demonstrar que ela está interessada, e é uma ótima oportunidade de se apresentar aos líderes”, completa.

Em seguida, para se manter no emprego, a consultora aposta no destaque. “Cada empresa tem suas regras. O funcionário tem que identificá-las e tentar segui-las ao máximo. É bom identificar a cultura do local, vestimentas, tratamento com os colegas e o que a liderança valoriza. É seguir esse caminho e até ir além para se destacar e ser efetivado”, recomenda.

Fonte: Jornal de Brasilia