Presidente participou da solenidade de passagem do comando no Clube Naval, em Brasília. Almirante Ilques Barbosa Junior substitui o também almirante Eduardo Leal Ferreira.

Por Guilherme Mazui e Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília

Bolsonaro chega de lancha à cerimônia de passagem do comando da Marinha

O presidente Jair Bolsonaro utilizou uma lancha da Presidência da República para chegar à cerimônia de passagem do comando da Marinha, nesta quarta-feira (9), no Clube Naval em Brasília.

Bolsonaro saiu do Palácio da Alvorada na embarcação e cumpriu o trajeto de cerca de 20 minutos pelo Lago Paranoá. O antecessor de Bolsonaro, Michel Temer, não tinha o hábito de utilizar embarcações para se deslocar na capital federal.

Na cerimônia desta quarta, o almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior assumiu a Marinha no lugar do também almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira.

Ilques foi escolhido para o cargo por Bolsonaro, que substituiu os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nomeados no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e mantidos pelo ex-presidente Michel Temer. Em geral, a troca dos comandos das Forças Armadas ocorre no início do mandato presidencial.

Capitão reformado do Exército, Bolsonaro participa de cerimônias militares desde a vitória na eleição, em outubro. Ele acompanhou na semana passada a passagem do comando na Aeronáutica e deve participar da mesma cerimônia referente ao Exército na sexta-feira (11).

O presidente repete com frequência que seu governo reconhecerá o papel das Forças Armadas. Sua equipe ministerial abriu espaço para militares, entre os quais, o ministro de Minas e Energia, Bento Costa Lima, que é almirante da Marinha.

O presidente Jair Bolsonaro (ao centro), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva (à dir.), e o vice-presidente, Hamilton Mourão (à esq.), ao lado dos almirantes da Marinha — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

'Rigorosa prontidão'

Em seu primeiro discurso à frente da Marinha, o almirante Ilques mencionou a necessidade de uma "rigorosa prontidão do sistema de defesa" do país, a fim de preservar os interesses brasileiros em especial na área da costa chamada de "Amazônia Azul", rica em biodiversidade de espécies.

"Em tempos de guerra e paz é imperiosa uma rigorosa prontidão do sistema de defesa, o que envolve tanto as forças armadas quanto os demais seguimentos da sociedade brasileira", disse.

“Assim, as situações de conflito da atualidade recomendam a prontidão mencionada, sobretudo quando constatamos a magnitude das riquezas do Brasil”, afirmou o almirante.

Ilques apontou entre as suas prioridades no cargo está o avanço dos programas estratégicos da Marinha, como o desenvolvimento do submarino com propulsão nuclear. O almirante ainda assegurou que manterá esforços para a atuação conjunta com o Exército e Aeronáutica.

Ilques destacou no discurso o desejo de manter a "parceria" com a Marinha dos Estados Unidos (EUA), já que o Brasil esteve ao lado do país em guerras mundiais.

“Também menciono a presença do representante do almirante John Richardson, chefe de operações navais da marinha dos EUA, e do almirante Sean Buck, comandante da quarta esquadra e forças navais do comando do sul dos EUA. Estivemos juntos em três guerras mundiais (sic) e é essa parceria que estamos dando continuidade”, disse.

Estação Antártica

Em discurso na solenidade, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ressaltou realizações de Leal Ferreira durante os quatro anos à frente da Marinha.

Fernando Azevedo e Silva citou entre as realizações do almirante a reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio em 2012 e com previsão de inauguração em março de 2019, além do avanço no programa de desenvolvimento de submarinos, com a conclusão em dezembro do primeiro dos quatro submarinos convencionais da iniciativa.

Azevedo e Silva ainda ressaltou o processo de ampliar a presença de mulheres em navios e unidades de fuzileiros navais, adotado durante a gestão de Leal Ferreira.

Despedida

No discurso de despedida, Leal Ferreira agradeceu ao trabalho de seus subordinados e aos ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer.

Segundo o agora ex-comandante, o atual século é chamado de “século azul”, no qual a “economia do mar cresce exponencialmente”. Ele citou a exploração de petróleo no mar e a movimentação de cargas nos portos como exemplos de atividades desenvolvidas no Brasil.

"Torna-se necessários cada vez mais manter a capacidade de defesa dos nossos interesses marítimos que, com certeza, serão desafiados", disse Leal Ferreira.

O almirante Ilques Barbosa Junior durante solenidade de passagem de comando da Marinha no Clube Naval de Brasília — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Novo comandante

Antes de assumir o comando da Marinha, o almirante Ilques, de 64 anos, estava à frente do Estado-Maior da Armada, órgão de direção geral da Força, que assessora o comandante da Marinha.

O novo comandante foi declarado guarda-marinha em 1976 e alcançou o posto de almirante de esquadra (oficial-general de quatro estrelas), o topo da carreira na Marinha, em novembro de 2014.

Ilques também foi diretor de Portos e Costas, comandante do Primeiro Distrito Naval, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha; e comandante do Controle Naval de Tráfego Marítimo.