Volume máximo foi atingido em 27 de dezembro e se manteve até este domingo. Apesar da marca, Caesb reforça pedido para que população mantenha o uso racional da água.


Por Letícia Carvalho, G1 DF
O reservatório do Descoberto – principal bacia de abastecimento de água do Distrito Federal – completou neste domingo (27) um mês com 100% da capacidade máxima de armazenamento. Essa sequência tinha ocorrido pela última vez em 2015 – na época, foram 57 dias operando com o volume total.

Desde o dia 27 de dezembro, quando a bacia chegou ao volume máximo, é possível ver a água vertendo sobre as paredes do reservatório. Esse "excedente" segue o curso do rio e pode ser explorado por agricultores, ou continuar o caminho até Corumbá IV, já em Goiás.

Ao atingir o volume máximo, o Descoberto voltou a abastecer outras quatro regiões do DF: Candangolândia, Núcleo Bandeirante e partes de Águas Claras e do Park Way.

Por causa da crise hídrica, essas regiões administrativas eram atendidas por meio de transferência de água do sistema Torto-Santa Maria para o Descoberto. A vazão, à época, era de 230 litros por segundo.

Uso consciente

O presidente da Companhia de Saneamento do DF (Caesb), Fernando Leite, disse que “considera importante os níveis em que se encontram os reservatórios, principalmente, o Descoberto”. O gestor, contudo, ressaltou a necessidade da população continuar mantendo o uso racional da água.

"Economizar ajuda a preservar um bem tão importante para toda a população."

Segundo Leite, o GDF e a Caesb estão realizando esforços para concluir o Sistema Corumbá IV para, assim, "garantir que Brasília nunca mais tenha que enfrentar uma crise hídrica".

As obras são uma parceria entre os governos do DF e de Goiás. Em um primeiro momento, o projeto deverá contribuir para o abastecimento de oito regiões do DF: Águas Claras, Arniqueiras, Gama, Núcleo Bandeirante, Park Way, Recanto das Emas, Santa Maria e Taguatinga Sul.

Corumbá IV está projetada para trabalhar com vazão máxima de 8.000 litros por segundo. No início, porém, o fornecimento se limitará a 2.800 litros por segundo, atendendo cerca de 300 mil pessoas.

O sistema de captação é construído com recursos da Caixa Econômica Federal e contrapartida do GDF, em parceria com a Saneago. Os investimentos previstos são de R$ 275 milhões em cada unidade da federação.

Racionamento

O Descoberto não alcançava a capacidade máxima desde abril de 2016. Nesse período, a bacia exibiu os 100% ao longo de 26 dias – de 15 de março a 9 de abril daquele ano. No entanto, em 30 de abril, o volume desceu para 96,35%, uma baixa histórica para o mês.

Foi também em 2016 que os brasilienses começaram a enfrentar a crise hídrica. O racionamento de água na capital durou 513 dias e só foi suspenso em junho de 2018.

Medição da bacia

No site da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), é possível ver a medição do nível do Descoberto, dia a dia, desde 1987. As tabelas mostram que, entre 1987 e 2015, o reservatório começou e terminou o mês de abril com capacidade máxima, travado em 100%.

Apenas em 1996, 1998 e 1999 houve registro de três ou quatro dias esporádicos com índice de 99,9%. Em 2016, o quadro piorou.

Em 2017, a medição diária nem parecia estar relacionada à mesma fonte de água. O reservatório do Descoberto amargou o mínimo histórico em 7 de novembro: chegou a 5,3%. Em dezembro, as chuvas voltaram a cair e a capacidade do Descoberto chegou aos 30,1% no último dia do ano.