Aluna de universidade do DF é vítima de racismo em competição esportiva; instituição repudia ato

Segundo relatos, caso ocorreu na terça-feira. Crime teria sido cometido por estudantes de medicina da Universidade Católica de Brasília.

Por G1 DF

Manifestação contra racismo. — Foto: Tania Rego/Agência Brasil

Uma aluna do curso de direito da Universidade Católica de Brasília (UCB) foi vítima de racismo em competição esportiva da instituição. O crime teria sido praticado por estudantes de medicina. Em nota, a UCB afirmou que repudia o ato e vai investigar.
Segundo relatos, a situação ocorreu, na terça-feira (16), em um amistoso entre os times de alunos de direito e de medicina da universidade durante os jogos do chamado "InterUCB". O episódio causou indignação em estudantes, que pressionaram a Católica por um posicionamento.

Na quinta (19), a universidade divulgou uma nota nas redes sociais:

"Diante do relato de fatos gravíssimos ocorridos durante os amistosos para os jogos do InterUCB, evento promovido e organizado pela comissão eleita pela Liga das Atléticas da UCB, a Universidade coloca à disposição suas instâncias administrativas, como o Projeto de Relações Estudantis (Prelest) e Comissão Disciplinar, para acompanhar e apurar com todo o cuidado e rigor que estes fatos exigem".

Íntegra da nota emitida pela Universidade Católica de Brasília — Foto: Reprodução

Ainda de acordo com a instituição, "qualquer manifestação de preconceito é considerada incabível, retrógrada e infundada e não podemos aceitar que tais fatos sejam uma realidade na nossa sociedade".

O ato também motivou a divulgação de nota pela atlética do curso de direito da universidade, a Magistrada. Ao repudiar o episódio, o grupo afirma que “todos os fatos estão sendo averiguados em busca dos autores do crime".

"Nos comprometemos a providenciar o apoio necessário para que episódios dessa natureza não ocorram mais."

Ao G1, a entidade afirmou que a vítima preferiu não se manifestar sobre o caso. Até a última atualização desta reportagem, as partes envolvidas não informaram detalhes do ocorrido.

Fachada da Universidade Católica de Brasília, em Taguatinga Sul — Foto: Google Maps/Reprodução

Outro caso

Racismo e injúria racial são crimes no Brasil e podem levar a penas entre um e três anos de reclusão. Em outubro do ano passado, um outro caso de preconceito repercutiu no DF.

À ocasião, quatro homens compararam modelos que participavam de um desfile na capital a escravas, em uma rede social. Em troca de mensagens, um dos homens escreve: "tá tendo um desfile só de preta aqui no JK [Shopping]" e comenta: "Coisa horrorosa".

Em grupo de Whatsapp, homens ofendem mulheres que participavam de concurso de desfile em shopping do Distrito Federal — Foto: Reprodução


Em seguida, outro, identificado como Muniz, fala em tom jocoso que Alex tirou uma foto do desfile e encaminha a imagem de escravas enfileiradas, com cestas em cima da cabeça. Um deles contesta a "brincadeira" e um quarto, de apelido Dandan, responde:

"Agr o cara é obrigado a achar as preta bonita? [sic]"

Os acusados são investigados pela Delegacia Especial de Repressão aos crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a pessoa idosa (Decrin)



Estatística

Em 2018, a Polícia Civil do DF registrou 435 casos de injúria racial e cinco de racismo. Só neste ano, o Ministério Público do DF já apresentou 12 denúncias relacionadas a crimes de discriminação racial.