Data remete aos assassinatos em Eldorado dos Carajás (PA) há 23 anos.

Trabalhadores rurais, por meio de bandeiras e cartazes, clamaram por justiça e direito à terra na sessão solene em comemoração ao Dia do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Dia Internacional de Luta pela Terra na tarde desta segunda-feira (15) no plenário da CLDF. "Somos sem-terra e pelos nossos companheiros assassinados em Carajás dizemos sim, sim pela vida", proclamaram em jogral os participantes, em referência à morte de dezenove sem-terra em 17 de abril de 1996 no município de Eldorado dos Carajás (PA), fato que suscitou o dia do MST.

O autor da homenagem, deputado Chico Vigilante (PT), destacou que a solenidade é um momento de comemoração e de luta, principalmente no cenário atual em que "ataques são deferidos contra aqueles que lutam por dignidade". O parlamentar revelou que cada vez que vai a um acampamento, sai de lá "mais apaixonado pelo movimento". Em uníssono, o deputado Fábio Felix (PSOL) considerou que o País vive "um momento muito duro, em que o presidente Jair Bolsonaro quer perseguir a história de ativismos, perseguir os trabalhadores que lutam e se organizam".

Nesse sentido, o representante da Via Campesina Brasil, Jarbas Vieira, afirmou que, "mesmo depois de 23 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, não conseguiram acabar com o movimento, nem com a luta pela terra e pela produção de alimentos". Nenhum dos responsáveis pelo massacre foi punido, protestou ainda o diretor do Sindicato dos Professores do DF, Gabriel Cruz.

A impunidade sobre os fatos em Carajás também foi a tônica da fala da representante da direção nacional do MST do DF e Entorno, Maria Feitosa. Ela lembrou que o movimento "resiste" há mais de vinte anos no DF e não será "um capitão que irá tirar a luta pela dignidade e direitos", acrescentou.

O MST é a grande inspiração de resistência para a juventude ativista, segundo a coordenadora do Movimento Levante Popular da Juventude, Katty Hellen da Costa de Deus. "Não vamos desistir e vamos resistir para que todos tenham direito à educação, à terra; em defesa da democracia e da reforma agrária", declarou.

Produção de alimentos – A Emater-DF tem um relacionamento de parceria com o MST, segundo o diretor da empresa, Antônio Costa Júnior, ao citar a atuação da entidade em sete assentamentos que foram organizados pelo MST. Ele destacou o compromisso com a produção orgânica de alimentos tanto do movimento quanto da Emater. Nessa perspectiva, a "luta de produzir para repartir" foi a ênfase do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares (CONTAG), Aristides dos Santos. O acesso democrático à terra também foi defendido pelo presidente da CUT-DF, Rodrigo Brito. Já para o representante da Associação Brasileira de Reforma Agrária, José Parente, o DF tem condições de se tornar exemplo para o País se agilizar a destinação de áreas aos trabalhadores. A subsecretária de Agricultura Familiar do DF, Hélvia Paranaguá, prometeu atuar sobre a questão da destinação de terras aos trabalhadores.

"O MST é exemplo de luta pelos direitos porque não incita o ódio, mas produz alimentos saudáveis", frisou o representante do Movimento dos Trabalhadores por Direitos, Tobias Soares Filho. Ele e outros participantes da solenidade declamaram poesias e entoaram canções em homenagem ao MST.

Franci Moraes
Fotos: Carlos Gandra
Núcleo de Jornalismo – CLDF