Profissionais fizeram festival de massagens a R$ 12 e arrecadaram R$ 1,2 mil. Dinheiro vai custear viagem para São Paulo, onde operação será feita.

Por Nicole Angel* e Carolina Cruz, G1 DF

Grupo de massagistas cegos arrecadam R$ 1,2 mil para transplante de jovem — Foto: Valéria Alves/Arquivo pessoal

Um grupo de massoterapeutas com deficiência visual do Distrito Federal arrecadou R$ 1.224 para pagar a viagem da jovem Larissa Pâmela Almeida, de 31 anos, a São Paulo, para a realização de um transplante de rins e pâncreas. O dinheiro foi alcançado por meio de um mutirão de massagens, a R$ 12.

Massoterapeutas com deficiência visual fazem ação solidária no DF

A ação ocorreu entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro. À ocasião, participantes do grupo ofereceram a modalidade "quick massagem", que dura cerca de 15 minutos, em um centro de educação especial na Asa Sul.

Segundo os organizadores, mais de 100 pessoas foram atendidas pelos 12 massoterapeutas que participaram da ação.

"Graças a Deus as pessoas se comoveram e foram ao nosso encontro. Agradecemos a todos pela mobilização e esperamos que o brasileiro continue sensibilizado e pronto para praticar o bem", afirma o coordenador do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais, Antônio Leitão.

A espera

Larissa Pâmela conseguiu ajuda de grupo de cegos massoterapeutas para viabilizar cirurgia em São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Larissa, que também é deficiente visual, aguarda o chamado do hospital para ir a São Paulo. Ela afirma que segue arrecadando dinheiro para a viagem. Emocionada, agradece e lembra com carinho de como teve contato com o grupo, apresentado por meio de uma amiga.

"Na época eu já fazia o tratamento. Eles souberam da minha situação, que eu sustento minha família e que eu dependeria dessa ajuda. Eu fiquei muito emocionada [com a iniciativa]", conta.

Larissa foi diagnosticada com falência renal. Esta é a segunda vez que entra para a fila do transplante de de rins e pâncreas. Ela doou parte do valor que recebeu para amigos que também vão fazer cirurgia em São Paulo.

Moradora do Recanto das Emas, a paciente realiza o tratamento em uma clínica conveniada à rede pública localizada na Asa Norte. Segundo ela, o procedimento do transplante para o seu caso, que envolve a fragilidade de múltiplos órgãos, só pode ser realizado em São Paulo.

Antes de adoecer, Larissa trabalhava como auxiliar administrativa, mas precisou se afastar. O dinheiro que recebe com o auxílio-doença, de um salário mínimo, é o único para sustentar a mãe, de 52 anos, e a sobrinha criada por ela, de quatro anos. Para ela, a cirurgia é a esperança de ter melhor qualidade de vida.

"Eu vou [embarcar] com dois sentimentos. O primeiro é de esperança de voltar a ter uma vida normal, de trabalho. E o segundo é o medo, porque é uma operação de risco. Mas confio que vai dar tudo certo", aposta.

*Sob a supervisão de Maria Helena Martinho.