Amanda Aron


Um professor de história carismático, popular e querido pelos alunos. Ninguém jamais suspeitaria que por trás de alguém assim se esconderia uma grave ameaça para os estudantes. O professor de história Gustavo Montalvão Freixo, de 31 anos, do Rio de Janeiro, é acusado pelos pais de alguns alunos de dar aulas extras regadas a drogas, bebida e abuso sexual. De acordo com o pai de um dos estudantes, o encontro aconteceu na casa de um aluno que fica sozinho à tarde. O professor teria cobrado R$ 150 pela aula, que incluía o uso de LSD. Entre os sete jovens presentes, que tinham entre 13 e 15 anos, apenas um teria se recusado a usar a droga por ser evangélico.

Após um dos garotos ter chegado à casa de um colega com sintomas de embriaguez, o pai decidiu investigar o que de fato acontecia nas aulas extras e levou o caso à polícia. Gustavo foi denunciado por tráfico de drogas e estupro de vulnerável, já que, de acordo com os estudantes, teria beijado duas garotas e mantido relação sexual com uma terceira, todas menores de idade. Segundo disse o promotor Alexandre Themístocles em entrevista ao portal O Dia, do IG, Gustavo "violou a rede de proteção em que o professor está inserido. Tinha o dever de dar bons conselhos e preservar os alunos. E mais: fez sexo com aluna menor". O caso está sendo investigado.

No entanto, casos envolvendo professores pedófilos, apesar de não chegarem ao conhecimento público, não são nada raros, conforme afirma a sargento Tânia Guerreiro, da Polícia Militar do Paraná e uma das maiores especialistas em combate à pedofilia no Brasil. "Infelizmente, casos de professores que abusam dos alunos são muito mais comuns do que se imagina, mas não vêm à tona. As pessoas preferem se calar, as escolas abafam o caso transferindo o professor e a criança de um modo geral não fala", explica ela.

Para a sargento, os pais devem ficar atentos a qualquer mudança no comportamento do jovem: "se for um abuso que ocorre dentro da escola, a criança vai começar a desencadear sintomas quando chegar perto do horário de ir para lá, como vômitos, diarreia, bronquite, asma, náuseas. Diante do agressor, ela fica completamente diferente, fica meio sem graça, abaixa a cabeça e procura proteção perto de um adulto em quem confie. A criança abusada, geralmente, se recusa à prática da educação física, ela não faz a lição e não participa de trabalhos em grupo porque não gosta muito de se expor, senta-se na última carteira, não faz lanche na hora do recreio, alguns dias está chorona e em outros agressiva e batendo em outras crianças.

Outro comportamento comum é a automutilação, ela vai se cortar e se machucar por sentir raiva de si mesma e, assim, procura se autodestruir", esclarece. Ela lembra que esse comportamento não é regra, mas merece atenção. Além disso, é preciso ficar atento a qualquer marca diferente no corpo do jovem. "A criança abusada anda mancando e está sempre assada, não é uma assadura simples, é mais pesada e chega a descamar a pele", orienta a sargento. Para que a criança aceite o abuso, o pedófilo costuma agir como se tudo fosse uma brincadeira. "Dependendo da idade da criança, ele diz para ela que o que está acontecendo ali não é errado, que é um carinho e apelida os órgãos genitais dela com nomes infantis", alerta Tânia. 

Para a sargento, que já tem mais de 30 anos de carreira, só há uma saída para quem sofreu esse tipo de abuso: "Não tem homem aqui na terra que dê jeito nas cicatrizes da alma, é só Deus, é o que eu indico para quem me procura", finaliza.