Resultado de imagem para foto de mulheres e um mundo de emoções
No mês dedicado as mulheres, resolvi falar do culto a beleza. A partir do corpo, o ser humano tem a capacidade de se lançar à vida e às suas aventuras. Modifica-o e o adapta, de acordo com a conveniência do meio e com as pressões externas sobre ele. 

A mídia, por sua vez, ressignifica constantemente o corpo com novos parâmetros de construções e referenciais. As performances culturais são estruturadas, desenvolvidas e disseminadas constantemente; em geral, de forma implícita.

As alterações dos corpos variam de acordo com a cultura em que estão inseridos. Buscas por praticar exercícios e possuir uma boa alimentação são frutos da exacerbação do corpo oriunda, em especial, a partir da década de 80. O corpo não é mais visto sob o olhar puramente orgânico.

A sociedade contemporânea tem como uma de suas características principais os interesses do sistema capitalista. Tais vontades são difundidas de inúmeros meios, visando tanto à reprodução quanto à produção do status quo. O fetiche da mercadoria é a principal isca dos capitalistas e, nesse cenário, a indústria cultural da beleza e da mídia se consolidou como um constituinte perfeito.

A beleza, antes adquirida por obra da natureza, agora pode e deve ser conquistada, e é necessário gastar muito para isso. 

O corpo atual tem que ser, antes de tudo, reto, preferencialmente anoréxico. Além disso, os padrões de beleza são os artistas do cinema e da TV e, como eles (ou, ao menos, os que são considerados bonitos) são magros, fica essa impressão para o expectador.

Assim, está criada a indústria da beleza, que se pauta justamente na manutenção do peso (para os já magros) e na perda dele (para os obesos). 

Por isso, a população de pessoas obesas representa o alvo principal para os meios de comunicação em massa, que promovem a imagem da esbelteza e de como a gordura é indesejável. As indústrias de cosméticos e de vestuário também perpetuam essa imagem. A sociedade frequentemente classifica os indivíduos obesos como sem controle e indulgentes ao extremo. A obesidade é vista como uma doença auto-infringida. 

O corpo é fundamental na estrutura publicitária tecnológica, com grande influência da grande mídia. Ele é, geralmente, sensual, jovem, branco, proporcional, risonho e agradável, além de, é claro, não desalinhar, suar ou cheirar mal jamais. Congelado na utopia, esse corpo é o retrato do ideal publicitário e, consequentemente, da população que compra essa imagem como desejo próprio. 

A beleza banalizada é consumida pelas pessoas – especialmente as mulheres – como um ideal dificilmente alcançado. Dessa forma, a publicidade não apenas vende o produto como também os conceitos que a população desejará.

Dada a inexistência de uma realidade única, temos que os desejos manifestados na mídia variam de acordo com quem os programa. Cria-se uma ilusão acerca da natureza, da realidade e do corpo real que, por indisciplina, cedeu aos seus sinais de gênero e raça.

As mudanças sociais são mais consequências que causas da performance do corpo midiático, uma vez que a mídia apresenta o corpo idealizado e não aquele que o leitor ou expectador tem, de fato. 

Fundamentado nessa estrutura do corpo midiático, ressalto a importância do ser humano, em especial as mulheres, para o respeito ao seu biotipo e suas características genéticas, e que jamais se rendam a essa estrutura midiática da cultura da beleza.

Letras e Artes, UNIRIO. Não publicado, 2005.

Por: Rócio Barreto
Foto: Divulgação