Não é preciso se esforçar muito para lembrar de relatos de falta de médicos ou de demora no atendimento na rede pública. O caso se repete no Plano Piloto, onde pacientes do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) têm esperado o dia todo para serem atendidos e muitos saem de lá sem solução

Nem mesmo em dia de manifestações, o quadro se mostrou diferente. Foram registrados 49 feridos na Esplanada dos Ministérios, mas houve pacientes com quadro que não conseguiram atendimento na noite de quarta-feira. A reportagem do Jornal de Brasília esteve no Hran na tarde de ontem. O funcionário que atendia no balcão da recepção foi enfático. “Não tem médico”. Pessoas que esperavam chegaram a escutar que havia um único médico, dedicado a casos graves.

Nesse caso, o paciente que precisa de clínico geral não tem outra opção no Plano Piloto, já que o Hospital de Base é destinado aos casos de alta complexidade.

O construtor Ednílson Rodrigues, 49 anos, reclamava de tosse. A triagem foi o único atendimento que teve e recebeu a pulseira verde, de menor prioridade. Após sete horas de espera, nenhum desfecho. “Nunca consigo atendimento aqui, mas ainda assim é melhor do que lá perto de casa. Moro na ADE de Águas Claras e nem penso em ir na UPA do Riacho Fundo, porque é ainda pior”, relatou.

Morador de Campina Grande-PB, o servidor público Cid Toledo, 50 anos, está na cidade em viagem a trabalho. Em recuperação de uma pneumonia, procurou o Hran por dois dias seguidos para se certificar de que a doença não havia voltado. “Ontem (quarta-feira), fiquei de 16h até 0h e não fui atendido. Na minha cidade, as coisas funcionam melhor”, criticou. O servidor escutou que havia médicos de outras especialidades na casa, mas a falta de um clínico geral ainda era sentida.

Há três dias começou a saga do aposentado Jeferson Fernandes, 60 anos. A filha descobriu uma trombose na rede particular e foi aconselhada a procurar hospitais públicos. “Saí daqui do Hran às 5h30 e a funcionária me disse que nem adiantava esperar, que não tinha médico. Fomos orientados a pedir um exame no Hospital de Base e chegando lá nos disseram que era aqui mesmo. Não sei o que vou fazer se não me atenderem aqui”.

Fonte: Jornal de Brasília