Outros três tipos de imunização para recém-nascidos estão com estoque baixo; Ministério da Saúde diz que distribuição ainda não foi autorizada. Infectologista considera situação 'alarmante'.

Por Marília Marques, Renata Zago e Flávia Marsola, G1 DF e TV Globo

Vacina BCG é oferecida em horário especial em Araxá (Foto: PMA/Divulgação)

O estoque da vacina BCG – indicada para prevenir a tuberculose – está zerado em todos os postos de saúde do Distrito Federal há mais de 10 dias. Na semana passada, a Secretaria de Saúde tinha informado que previa a reposição das doses após o Carnaval, mas até esta sexta-feira (16), pais de bebês recém-nascidos diziam que a vacina continuava indisponível na rede pública.

A filha do servidor público Marcos Pereira nasceu há cinco dias e a pediatra pediu a imunização imediata da bebê. Mas segundo ele, nos seis postos de saúde procurados – em Taguatinga, Vicente Pires, Cruzeiro e Asa Sul –, não havia a dose da BCG.

"A gente anda, vai de posto em posto e não encontra. O pior é que não existe uma previsão para que essa situação seja resolvida."

Por meio de nota enviada à TV Globo, a Secretaria de Saúde informou que a responsabilidade pelo atraso no repasse das doses é do Ministério da Saúde. Já a pasta federal afirmou, no início deste mês, que a BCG está sendo distribuída aos estados "em quantitativo reduzido", mas que a normalização da oferta aconteceria "ainda em fevereiro".

A explicação é que o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde ainda não autorizou a distribuição. O governo federal tem 3 milhões de doses à disposição.

"A distribuição de todos os imunobiológicos pelo Ministério da Saúde é feita com base nos pedidos das secretarias estaduais de saúde, de acordo com os estoques nacionais disponíveis", apontou em nota o governo federal.

"Os estados são responsáveis por gerenciar e estabelecer um fluxo de distribuição para os municípios."
Além da falta da BCG, a Saúde do DF disse ainda que os estoques das vacinas tríplice viral, penta e tetravalente estão baixos. As doses são obrigatórias no calendário de vacinação e evitam várias doenças, como a hepatite B, coqueluche, sarampo e rubéola.

Carteirinha de vacinação mostra programação de vacinas da criança (Foto: Reprodução EPTV)





'Situação alarmante'

A cobradora de ônibus Ingrid Figueiredo também procurou a dose da vacina pentavalente em vários postos de saúde, mas não encontrou. A imunização deveria ter sido aplicada quando a pequena Lara completasse dois meses. Passados 13 dias do prazo, a mãe da menina diz que voltou à unidade em Ceilândia, mas "a vacina não chegou".

A infectologista ouvida pela reportagem, Joana D'arc Gonçalves, considera a situação da falta de vacinas no DF "alarmante". Apesar da dose da BCG poder ser aplicada até os 4 anos de vida da criança, a especislista pondera que o recomendavel é que seja nas primeiras horas de vida.

"São doenças que têm uma prevalência alta, porque a gente está falando de doenças como hepatite B, coqueluche, sarampo, rubéola, entre outras, inclusive, até a própria poliomieltie", explica.

Segundo um levantamento da TV Globo, o problema da falta de vacinas acontece ainda em pelo menos oito unidades federativas do país. Além do DF, a BCG está em falta no Amapá, Tocantins, Pará, Bahia, Paraíba, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.