G1 acompanha mortes violentas ocorridas entre 21 e 27 de agosto de 2017no país. No DF, um ano depois, 62% dos inquéritos não foram solucionados.

Por Marília Marques, G1 DF

Número de mortes violentas em Joinville passa de 100 (Foto: Reprodução/RBS TV)

OG1 acompanha as mortes violentas registrados no Distrito Federal de 21 a 27 de agosto de 2017, período de análise do Monitor da Violência em todo o país. Na capital, um ano depois, apenas 3 dos 8 casos foram concluídos e enviados à Justiça.

O levantamento feito pelo G1 mostra que 62% dos inquéritos de homicídios e latrocínios ocorridos em uma semana no DF não foram solucionados.

Os números são parte de um levantamento nacional feito em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

No Brasil, apenas 2% dos casos tiveram condenados pelos crimes

No DF, como resultado dos casos que tiveram as investigações dadas como encerradas, sete pessoas foram apontadas pela Polícia Civil como suspeitas. Até esta quarta-feira (5), três permaneciam presas preventivamente e estavam na condição de acusadas pelo crime.

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Um ano depois no DF ...

Pedro Henrique, 16 anos

Pedro Henrique Viana, 16 anos, morto na porta de casa, no Gama (Foto: Arquivo pessoal)

Um dos casos que seguem sem solução, um ano após o crime, é a morte de Pedro Henrique Silva Viana. Ele foi morto aos 16 anos, com quatro tiros de uma arma calibre .40, na frente de casa. O crime aconteceu no Setor Leste do Gama, em 21 de agosto do ano passado.

Questionada, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento, "sem autoria definida". Em julho, a delegacia responsável pela apuração justificou que "não é possível atribuir se os autores são maiores ou menores de idade".

Uma semana, 1.195 mortes: o retrato da violência no Brasil

Gráfico mostra taxa de solução de crimes acompanhados pelo G1
Mortes ocorreram de 21 a 27 de agosto de 2017
Casos solucionados: 3Inquéritos em andamento: 5
Fonte: PCDF

Apesar da negativa da polícia sobre a prisão dos suspeitos, a mãe de Pedro Henrique conversou com a reportagem nesta terça (4) e disse que foi informada, pela delegacia, de duas detenções. Segundo ela, um adolescente foi apreendido, e um adulto, preso por suposto envolvimento na morte do filho dela.

"Ainda não estou aliviada porque quero que eles paguem pelo que fizeram. Presos, estão, mas ainda não definitivamente."

O G1 tentou confirmar se as pessoas citadas pela mãe da vítima estavam detidas por causa do homicídio, mas não conseguiu contato com a delegacia responsável pela investigação.

Caio Silva da Conceição, 20 anos

O corpo de Caio Silva da Conceição foi encontrado, queimado, em 27 de agosto do ano passado, em meio ao lixo na região da Estrutural. A Polícia Civil só conseguiu identificá-lo dois dias depois, a partir das impressões digitais da mão – única parte que não sofreu ação do fogo.

Montanha de entulho no lixão da Estrutural, no DF (Foto: Wellington Hanna/G1)

Um ano depois, os autores e as circunstâncias da morte ainda são investigados. Ao G1, a polícia confirmou apenas que a vítima sofreu traumatismo craniano causado por "objeto contundente".

Somado aos outros quatro casos do mesmo período analisado, a morte do jovem entra para a estatística dos 62% dos casos de mortes violentas não solucionados.

novo selo grande identidade monitor da violência (Foto: Editoria de arte/G1)

Estatística

No DF, as oito vítimas na semana mapeada, de 21 a 27 de agosto, foram homens que tinham entre 16 e 44 anos. A maioria dos crimes ocorreu à noite e, 75%, no fim de semana. Cinco dos oitos casos aconteceram no domingo (27). Os crimes se deram nas regiões de Samambaia, Gama, Ceilândia, Estrutural, Brazlândia e Fercal.

Pelo menos 60% das vítimas foram mortas na mesma região onde moravam e tinham ligações confirmadas com o uso ou tráfico de drogas. Outro dado é que, das oito vítimas, três tinham passagem pela polícia.

Até esta quarta (5), a reportagem constatou que os três casos solucionados se converteram em denúncias que foram aceitas pela Justiça. Nenhuma delas foi julgada até o momento.

Todas as vítimas de mortes violentas no DF no período de 21 a 27 de agosto foram assassinadas com armas de fogo (Foto: ABR)

Mortes violentas

De janeiro a agosto deste ano, o DF registrou 308 homicídios e 15 latrocínios. No mesmo período do ano passado foram 314 e 24 casos, respectivamente. Os índices representam uma queda de 3,5% nas estatísticas.

Além disso, foram 66 tentativas de homicídio nos últimos oito meses, e 22 tentativas de latrocínio.

 G1 DF.