MP acusava ex-deputada de ajudar pai, Joaquim Roriz, a lavar escrituras recebidas como propina há mais de 10 anos. Desembargadores apontaram falta de provas; cabe recurso.


Por G1 DF
O Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal absolveu, nesta terça-feira (22), a ex-deputada Liliane Roriz (PTB) em um processo por lavagem de dinheiro. A acusação fazia referência a crimes supostamente praticados pelo pai, o ex-governador Joaquim Roriz, morto em setembro. Cabe recurso.

Segundo a denúncia do MP, o nome de Liliane foi usado para ocultar parte dos bens recebidos pelo clã Roriz, entre 2004 e 2006, como propina. Ao todo, 12 apartamentos em Águas Claras teriam sido entregues a Joaquim Roriz, em troca da renegociação de uma dívida da construtora junto ao Banco de Brasília (BRB).

O suposto esquema foi revelado pela operação Aquarela, e o caso nunca foi julgado em definitivo. O processo de Liliane foi destacado dos outros em razão do foro privilegiado. Mesmo após a revisão do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), os desembargadores decidiram não devolver a ação à primeira instância porque o trâmite já estava quase concluído.

Falta de provas

Na defesa apresentada ao Conselho Especial, os advogados de Liliane afirmam que o processo não inclui provas de nenhum crime cometido diretamente por ela. O argumento foi acatado pela maioria dos desembargadores presentes.

Dos 18 membros do Conselho Especial presentes, apenas um desembargador votou a favor da condenação. O G1 não conseguiu contato com a deputada nesta terça.

Operação Aquarela

Além de Liliane e do pai, Joaquim Roriz – cujo processo foi extinto após a morte –, também são rés pelo caso as filhas Weslliane e Jaqueline Roriz. Representantes da construtora WRJ Engenharia também respondem pelo caso.

Em troca, os donos da empresa entregaram 12 apartamentos no condomínio residencial Monet, diz o Ministério Público. Os imóveis teriam em seguida sido divididos entre demais membros da família Roriz.

As investigações da Operação Aquarela começaram em junho de 2007, com a apreensão de documentos, computadores e dinheiro pela Polícia Civil dentro do banco. Mais de 20 pessoas foram presas, inclusive em outros estados.

O caso chegou ao tribunal no mesmo ano, quando Roriz era senador pelo PMDB. Na época, ele foi flagrado em escutas telefônicas com Franklin de Moura, que estava preso sob suspeita de comandar um esquema de desvio de dinheiro de cartões de crédito.

As investigações levaram Roriz a renunciar ao mandato no Congresso Nacional para evitar o processo de cassação na Casa. Na época, ele foi apontado como beneficiário de um cheque de R$ 2,2 milhões descontados no BRB num episódio que ficou conhecido como "Bezerra de Ouro".