Aulas começam em 11 de fevereiro. Militares vão cuidar da parte de segurança, como entrada e saída de alunos, e das aulas de educação cívica e cidadania.


Por TV Globo e G1 DF
Quatro escolas públicas do Distrito Federal vão passar a ter 'modelo militar' já no começo do ano letivo, em 11 de fevereiro. Os CED 7 de Ceilândia, CED 1 da Estrutural, CED 308 do Recanto das Emas e CED 3 de Sobradinho foram selecionados para compor o projeto piloto do governo Ibaneis Rocha (MDB) com a participação de militares na gestão da escola.

A intenção do governo é expandir para mais 36 escolas ainda este ano. No entanto, para isso, é necessária autorização da Câmara Legislativa.

O custo estimado do convênio entre as secretarias de Segurança e Educação será de R$ 200 mil por escola, ao ano. A verba deve vir da Segurança, que vai bancar os custos e a mão de obra do projeto, neste momento.

Segundo o governo do DF, essas regiões foram escolhidas a partir de quatro critérios:

  • Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador sobre a qualidade do ensino no Brasil;
  • IDH, índice medido anualmente que tem como base indicadores de saúde, educação e renda;
  • mapa da violência do local;
  • estrutura das escolas.
O que muda

  • As escolas vão exigir mais disciplina dos alunos, que vão usar uniforme diferente, gratuito.
  • Meninos terão que usar cabelo curto e meninas, coque.
  • Cada escola vai receber de 20 a 25 militares: PMs ou bombeiros da reserva ou que tenham restrição médica para estar nas ruas.
Os alunos matriculados continuam. O sorteio de vagas é só para as que sobrarem, a partir ano que vem.

Gestão compartilhada

Professores, diretores e orientadores vão continuar cuidando da parte pedagógica.
Militares ficarão com as atividades burocráticas e segurança, como controle de entrada e saída, horários, filas. Um deles vai ser o diretor administrativo e terá o mesmo poder do diretor.
Militares vão dar aulas no contraturno: de musicalização e ética e cidadania.

App, fila e corte de cabelo

A iniciativa estabelece que, com um aplicativo de celular, os pais possam ter acesso ao que os alunos fizeram durante o período de aulas.

“Via aplicativo, o pai toma conhecimento de que o dever não foi feito ou de que o aluno chegou atrasado. Isso possibilita que a escola tenha de volta o apoio do pai auxiliando a escola”, explicou o assessor especial da Secretaria de Educação, Mauro Oliveira.

De acordo com secretário de Educação, Rafael Parente, as ações da PM não deverão influenciar o currículo pedagógico. A ideia é que os militares ajudem na formação disciplinar de alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio.

O sistema foi cedido pelo governo de Goiás, que tem dezenas de escolas administradas por militares. Caso o projeto piloto apresente bons resultados, a ideia deve ser incorporada em outras 36 escolas do DF, conforme apontou Parente.

"Esse é mais um projeto piloto, assim como outros que serão testados. Vamos avaliar os custos e os resultados, para decidirmos se vale a pena ampliar."

Resistência

O projeto não é unanimidade nas escolas. No CED 308, do Recanto, uma faixa agradecia a iniciativa e cartazes mostravam o apoio de pais e professores. Dezenas de pessoas assinaram um abaixo-assinado pedindo o modelo.

Mas professores dizem ter sido pegos de surpresa. “Não precisa militarizar. Precisa de mais investimento”, declarou o professor de história, Jorge Caetano Santos.

O sindicato cobra contratação de mais professores, de equipes de apoio à aprendizagem e o investimento em laboratórios.