O agachamento está entre os exercícios mais completos que se pode realizar dentro das academias. Ele se caracteriza por ser um exercício de cadeia cinética fechada (região distal do membro esta fixa no chão), por ser um movimento multiarticular (envolve várias articulações) e por ser um excelente meio de fortalecer e desenvolver a musculatura da coxa, quadril, lombar, perna e outros inúmeros coadjuvantes que atuam na realização do movimento. Além disso, é um gesto extremamente funcional, pois utilizado constantemente em nossas atividades diárias: sentar e levantar de uma cadeira, pegar um objeto no chão, entrar e sair do carro, etc.

Mesmo tento todos esses benefícios o agachamento é o exercício com a maior controvérsia no meio da musculação. Uma das principais práticas é a diminuição da amplitude do exercício, realizando agachamentos parciais, em vez do movimento completo. Em primeiro lugar, deve-se deixar claro que a utilização de maiores amplitudes aumenta a intensidade do movimento, promovendo maior recrutamento de unidades motoras e levando a maiores ganhos de força e massa muscular (Gentil, 2011). 

Jamais devemos esquecer que nossas estruturas musculares e articulares adaptam-se de forma extremamente específica aos movimentos, por exemplo, uma pessoa que usa movimentos muito curtos pode se lesionar em um movimento cotidiano pelo simples fato de não treinar um determinado ângulo de movimento necessário nesta atividade do dia a dia. Neste sentido a limitação da amplitude do agachamento, além de reduzir a eficiência do exercício, pode reduzir a funcionalidade de uma pessoa em seus movimentos cotidianos como, por exemplo, pegar um objeto pesado no chão.

O porquê então do mito dos 90 graus?

Segundo alguns conceitos, o agachamento profundo seria perigoso porque ao flexionar o joelho em ângulos maiores que 90° aumentaríamos perigosamente a tensão na patela. Não se considera, nesse pensamento, que na fase de maior flexão do agachamento os músculos posteriores da coxa são fortemente ativados ajudando a neutralizar a temida tensão exercida na patela. A análise, nesse caso, ficaria restrita à ação do quadríceps.

Um estudo feito por ISEAR et al em 1997 concluiu que, durante o agachamento, os isquiotibiais produzem uma força de vetor direcionado para trás, compensando a atuação do quadríceps, em um processo denominado co-contração, que contribui para estabilizar os joelhos durante o movimento.

O agachamento está presente na vida das pessoas desde que começam a se levantar quando eram crianças, então porque restringir um movimento que nos acompanha tanto tempo e que nunca nos trouxe problemas. O agachamento quando bem executado e com a supervisão correta pode ser realizado desde a infância a terceira idade, pois não só são seguros, como também podem ser um impedimento significativo para as lesões dos joelhos. As lesões geralmente são causadas pela combinação de 3 variáveis: excesso de peso, overtraining e técnica inapropriada. 

Procure SEMPRE um profissional qualificado. Saúde é coisa séria.