O principal desafio dos escolhidos é fomentar o desenvolvimento do Distrito Federal, em áreas como economia, agricultura e cultura.

Coutinho, Cândido, Vítor Paulo e Resende(foto: Renato Alves/Assessoria Ibaneis Rocha)
Faltando 40 dias para a posse de Ibaneis Rocha (MDB), o alto escalão da próxima administração do Distrito Federal tem 27 nomes definidos. Ontem, o governador eleito anunciou quatro secretários de estado e o presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o atual ministro do Meio Ambiente, Edson Rocha. Vão compor o secretariado: Adão Cândido, em Cultura; Dilson Resende, na Agricultura; Ruy Coutinho, para o Desenvolvimento Econômico, e Vitor Paulo na pasta de Relações Institucionais.

O próximo comandante da pasta de Desenvolvimento Econômico, Ruy Coutinho, foi secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça. Segundo Ibaneis, a principal missão dele será encontrar a veia econômica do DF e desenvolvê-la. “Estamos apostando na distribuição e no livre comércio, o que nos leva a procurar a criação de uma zona de livre comércio do DF”, afirmou o futuro governador.

Ruy Coutinho acredita que Brasília deve ser menos entendida como cidade ou capital federal e mais como um “polo germinador de desenvolvimento”. Sobre a criação de uma zona livre, ele explicou que os primeiros passos foram dados. “Pelo posicionamento geográfico de Brasília, temos essa disposição para distribuição em todo o país. Esse centro, uma zona livre de comércio, estaria eventualmente ligado ao Aeroporto Internacional de Brasília”, comentou. Segundo ele, a parceria está em discussão com a Inframerica, administradora do terminal aéreo.

Coutinho tem empresas na área financeira e de consultoria, mas se desligará delas para assumir o cargo. A indicação veio do setor produtivo. O futuro secretário contou que formará um grupo de trabalho que atuará nos próximos meses para aprofundar o debate sobre o potencial econômico do DF.


Articulação federal
O escolhido para chefiar a Secretaria de Cultura, Adão Cândido, foi secretário de Articulação do Ministério da Cultura no governo Michel Temer (MDB). Cândido assume o cargo com o desafio de recuperar espaços públicos do setor, incentivar a produção artística e enfrentar pendências, como a Lei do Silêncio, que se arrasta há anos na cidade.

A indicação do nome veio pelo PPS, mas, segundo Ibaneis, não se trata de uma nomeação apenas partidária, mas também técnica. O governador eleito elencou como prioridade a reforma do Teatro Nacional, fechado desde 2014, após o Corpo de Bombeiros destacar 112 problemas que precisavam ser resolvidos para a segurança do público. “Temos projetos aprovados e recursos alocados, tenho certeza de que ele vai conseguir trazer essa reforma, pois em 2020 teremos 60 anos do DF e vamos precisar que todas as estruturas culturais estejam preparadas”, afirmou Ibaneis.

O projeto atual para revitalização do Teatro Nacional está dividido em etapas. A primeira delas está estimada em R$ 43,8 milhões. Segundo Ibaneis, a experiência de Adão na esfera federal será essencial para o futuro secretário trabalhar no fomento de recursos junto ao Ministério da Cultura.
Para Cândido, é preciso rever os custos da obra do teatro e adaptá-la à situação econômica do DF. Ele não descarta outras parcerias com a iniciativa privada. “Hoje, há a permissão de captação por meio da Lei Rouanet, mas isso não impede outras parcerias”, observou. O investimento no audiovisual também será prioridade, segundo o secretário. Ele e Ibaneis afirmaram que pretendem criar a Brasília Filmes, instituição que ajudará na captação de recursos e na produção para o setor.
Questionado sobre qual será a posição da Secretaria de Cultura em relação à Lei do Silêncio, Cândido ponderou e afirmou que estudará o tema com mais profundidade. “Há a questão dos artistas e empresários, mas também há o lado dos moradores. Precisamos estudar isso”, afirmou.

Mais dinheiro

O deputado federal Vitor Paulo (PRB) ficará responsável pela articulação do governo com os órgãos federais. Ele comandará a Secretaria de Relações Institucionais, com o desafio de colocar em prática a busca por mais recursos. A questão foi defendida e destacada por Ibaneis na campanha para governador e, na transição, ele tem peregrinado por ministérios em busca de verbas para o DF.

“Precisamos convencer os órgãos do governo federal da necessidade de recursos e emendas que pediremos para o DF”, destacou o parlamentar. Na prática, ele terá de trabalhar em consonância com todas as secretarias para compreender quais as necessidades principais para pleitear recursos com o governo federal.

A relação de Vitor Paulo e Ibaneis se estreitou no segundo turno, quando o futuro secretário de Fazenda, André Clemente, o procurou. “Sou líder da bancada do DF e começamos a conversar sobre o orçamento para 2019”, contou o deputado.
A experiência na Câmara dos Deputados vai auxiliar no trânsito com o próximo governo do país, acredita Vitor Paulo. Ele destaca que teve contato com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), no Congresso.
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Além de comandar a aproximação com o governo federal, Vitor Paulo, que também é pastor, ficará responsável pela relação entre GDF e as entidades religiosas. A ideia é que trabalhos sociais feitos por essas instituições sejam apoiadas pelo governo. “Elas atuam onde o Estado não está. A ideia é que todas as instituições que façam esse trabalho social e queiram ajudar o governo serão bem-vindas. Meu papel é trazê-las com convênios e parcerias.”

Menos burocracia e mais regularização

Ex-presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), Dilson Resende assumirá a Secretaria de Agricultura. Entre os desafios da pasta, estão a desburocratização do setor, a regularização de terras, o fomento ao investimento e a conciliação entre agronegócio e meio ambiente.
Para Resende, falta vontade política para impulsionar a regularização fundiária de áreas rurais do Distrito Federal. Ele diz que a legislação é suficiente para a questão, mas falta segurança jurídica. “O processo não anda porque há o descrédito dos produtores. A procura pelo processo de regularização é aquém da quantidade de pessoas que necessitam”, disse. “Todos precisam voltar a acreditar que o governo está imbuído no processo de regularização”, completou.

Harmonia

Resende comentou também a necessidade de harmonia entre agronegócio e meio ambiente. “O desenvolvimento não pode andar separado da preservação. Mas existe insegurança do produtor nos processos de licenciamento”, argumentou. “A gente precisa chegar em um meio termo, no qual os processos de licenciamento sejam compatíveis com os investimentos e haja entendimento entre as duas partes”, completou.

O atual ministro de Meio Ambiente, Edson Rocha, será o futuro presidente do Ibram. O ambientalista é filiado ao Partido Verde, e assumiu o ministério em abril deste ano, substituindo Sarney Filho, que será secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal. Antes disso, atuou como deputado estadual pela Bahia, entre 1997 e 2002, e federal, de 2003 a 2011.

Fonte: CB