Com seis casos da H3N2, brasilienses procuram pela imunização

Em apuração do Jornal de Brasília, foi constatado que a procura pela vacina contra a gripe aumentou nas últimas semanas. Na Unidade Básica de Saúde 1 da Asa Norte, por exemplo, antes do surgimento da nova variante, eram usados em média 2 frascos por dia, que resultam em 10 doses. Após a confirmação dos casos da H3N2, são abertos cerca de 30 frascos por dia, para 300 aplicações.

Isso porque, de acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a capital federal registra seis casos da nova cepa denominada Influenza A H3N2, que tem causado surtos em outros estados do país, como na Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. A onda de casos têm dado medo nos brasilienses.

Todos os dias, de acordo com a gerente da unidade, Débora Moura Costa, uma fila se forma para a vacinação contra a gripe. Na tarde desta terça-feira (28), a reportagem apurou que pelo menos 50 pessoas estavam aguardando a aplicação por volta das 16h – uma hora antes do encerramento das atividades.

“Quando estávamos na época da campanha de vacinação, fomos referência e chegamos a fazer cerca de 1.600 doses por dia – depois [o fluxo] parou. Mas agora, com esses casos, voltou a ter uma procura grande. Muitas pessoas que buscam a vacina estão com menos de seis meses desde a última dose neste ano [e portanto não podem receber nova dose], ou que ainda não tomaram no período de campanha”, afirmou a gerente.

Sobre as filas, por esta ser uma época fora do período da campanha de vacinação do Ministério da Saúde, a forma de registro muda, gerando maior lentidão entre as doses. Durante a campanha, o fluxo de pessoas precisa ser mais acelerado, com registro simples, mas, atualmente, o processo de registro voltou a ser o mesmo da vacinação de rotina, passando pelo sistema de informação de atenção primária e sendo, portanto, mais lento, conforme explicou Débora.

No caso da professora de inglês e assistente virtual, Ribanna Martins de Paula, 27 anos, foram cerca de 45 minutos esperando debaixo da tenda para receber a aplicação contra o vírus. Ela tinha tentado ir em dois postos para se vacinar ainda na época da campanha, mas não havia mais doses disponíveis quando chegou.

O tempo passou e, vendo a alta dos casos de gripe no Rio de Janeiro e em São Paulo, Ribanna decidiu ir à UBS. “Fui deixando para lá, mas agora com esse surto, tentei novamente. Não imaginava que seria demorado assim, ainda mais para a gripe. Como foi dito que muitos não se vacinaram, pensei que ninguém iria atrás. Deve ter sido por causa desse surto mesmo”, destacou. “Eu vim pela alta dos casos, senão deixaria para o ano que vem.”

Para Ivan Viana, 33, o tempo de espera foi de quase uma hora para receber a aplicação do imunizante. Ele imaginou que haveria demora, mas decidiu ir mesmo assim, pelo mesmo motivo de Ribanna. “Tentei me vacinar há uns meses, mas não consegui. E o contágio está grande [da gripe]”, disse. Na opinião dele, a fila poderia estar melhor organizada.

“Mas o principal problema é que falta informação de divulgar quais postos têm as vacinas. Muita gente chega aqui perdido”, relatou. Enquanto a reportagem estava no local, ao menos duas pessoas procuraram a unidade para receber a dose de reforço contra a covid-19, mas no local ela não é oferecida.

Para a campanha de vacinação contra a Influenza em 2021, o DF recebeu cerca de 1,1 milhão de doses de vacina, sendo que 1 milhão delas já foram aplicadas. Com isso, sobram cerca de 100 mil doses disponíveis em 65 postos diferentes distribuídos por toda a cidade. A meta é atingir 90% de imunização dos grupos prioritários, como crianças, gestantes, puérperas, idosos e pessoas com comorbidades.

Qualquer pessoa pode se vacinar, excluindo apenas as pessoas com história de alergia grave (anafilaxia) e crianças abaixo de 6 meses de idade. Segundo a SES, a imunização protege contra os casos mais graves da doença e suas variantes, incluindo a nova cepa. A recomendação é que as pessoas tomem a vacina contra a gripe todos os anos, já que o vírus pode sofrer mutações e se tornar resistente às doses anteriores.

“A vacina contra a Influenza é trivalente, ou seja, contém três cepas diferentes combinadas. Em 2021 as cepas contidas na vacina são: Influenza A/Victoria/2570/2019 (H1N1) pdm09; Influenza A/Hong Kong/2671/2019 (H3N2) e Influenza B/Washington/02/2019 (linhagem B/Victoria)”, informou a pasta.
Faltam remédios

A reportagem também apurou que o remédio chamado Tamiflu, usado para o tratamento dos sintomas da Influenza, está em falta nas drogarias do DF. Composto por fosfato de oseltamivir, o medicamento é um antiviral geralmente prescrito para pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ou Síndrome Gripal (SG), que age no bloqueio do vírus e impede que ele se espalhe pelo organismo.

Diversas farmácias do Plano Piloto, Lago Sul, Lago Norte, Sobradinho, Taguatinga, e outras regiões administrativas, relataram que a distribuidora do remédio também não possui uma previsão para a entrega de novos lotes. Os funcionários e farmacêuticos ainda informaram que a procura pelo Tamiflu tem sido recorrente, porém, ninguém mais conhece drogarias que tenham unidades disponíveis para compra.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Fortaleza
Elisa Costa e Vitor Mendonça