Professores poderão se expressar melhor e se fazerem entender por estudantes com deficiência auditiva que usam a leitura labial para se comunicar.

Professores e intérpretes de Libras receberam, na manhã desta quarta-feira (23), máscaras especiais que serão usadas em salas de aula para o ensino de estudantes com deficiência auditiva da rede pública, além de frascos de álcool gel. Os cerca de 500 educadores envolvidos nesse processo de ensino especial serão contemplados.

A entrega do material – oriunda de doações de dezenas de empresas privadas da capital – foi feita pelo Comitê Todos Contra o Covid, que é coordenado pelo vice-governador Paco Britto.
As máscaras têm a frente transparente, facilitando a leitura labial por quem depende disso para a comunicação | Foto: Maria Clara Horvath/Sedes-DF

Atualmente, são mais de 700 estudantes com deficiência auditiva que estudam nas escolas públicas do Distrito Federal, segundo dados da Secretaria de Educação (SEE). Porém, de acordo com a representante da Gerência de Deficiência Auditiva da Diretoria de Educação Inclusiva da pasta, Talita Vaz de Lima, o ensino só se torna eficaz quando a comunicação é eficaz.
“A expressão fácil faz parte da estrutura gramatical da língua de sinais. Se a face não for percebida, muita coisa se perde na comunicação”, pondera o coordenador intermediário do Ensino Especial do Plano Piloto, Marcos de Brito

“Temos muitos estudantes que não fazem uso da linguagem de sinais Libras e usam a leitura labial como recurso para se comunicar. Mesmo para quem usa Libras, a expressão vem junto e faz toda a diferença”, explicou Talita. “Com as máscaras especiais, temos a certeza que os alunos vão entender, efetivamente, o que os professores estão passando.”

As máscaras não são descartáveis e podem ser reutilizadas. São confeccionadas em tecido e, na parte da frente, possuem um plástico transparente que dá visibilidade à boca de quem está usando.

“A expressão fácil faz parte da estrutura gramatical da língua de sinais. Se a face não for percebida, muita coisa se perde na comunicação. A boca funciona dentro da estrutura da comunicação na língua de sinais”, pondera o coordenador intermediário do Ensino Especial da Regional de Ensino do Plano Piloto, Marcos de Brito.

Assim, as máscaras com a frente transparente, além de facilitarem a leitura labial por quem depende disso para a comunicação, são extremamente importantes não apenas para deficientes auditivos, mas também para autistas severos, por exemplo.
As máscaras serão distribuídas pela Secretaria de Educação às 14 regionais de ensino do DF e entregues a cada professor que trabalha com estudantes com deficiência auditiva

“As primeiras doações dessas máscaras especiais foram feitas para esse público, inclusive. Agora conseguimos, graças à sensibilidade das empresas que doam materiais e recursos ao comitê, estender para professores e intérpretes de Libras”, explicou o vice-governador Paco Britto.

Paco lembrou, ainda, que as doações feitas ao comitê, desde o início da pandemia da covid-19, garantiram ao DF a distribuição de mais de 3 milhões de máscaras e 1 milhão de frascos de álcool gel, além da construção, sem uso de recurso público, de dois hospitais acoplados: um em Ceilândia e outro em Samambaia, garantindo quase 200 leitos totalmente equipados para atender vítimas da doença.

“As pessoas se solidarizaram e queriam contribuir, de alguma forma, para atenuar as dores da pandemia”, completou a esposa de Paco, Ana Paula Hoff, também presente na doação de máscaras aos professores nesta manhã.

As máscaras serão distribuídas, agora, pela Secretaria de Educação às 14 regionais de ensino do DF e entregues a cada professor que trabalha, diretamente, com estudantes com deficiência auditiva.

Lívio di Araújo, da Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues