Antes da cerimônia, presidente se irritou com pergunta sobre possível exploração da viagem a Londres para fins eleitorais. 'Acha que eu vim aqui fazer política?', indagou Bolsonaro.

Por g1 — Brasília

Bolsonaro interrompe entrevista ao ser questionado sobre influência da viagem a Londres

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e a primeira-dama, Michelle, participaram nesta segunda-feira (19) do funeral da rainha Elizabeth II. Eles chegaram por volta das 6h45 (horário de Brasília) à Abadia de Westminster, onde o corpo da monarca foi velado por autoridades.

Antes de deixar a residência oficial do embaixador do Brasil em Londres para participar da cerimônia, Bolsonaro se irritou ao ser questionado se a viagem poderia influenciar na campanha à reeleição ao Palácio do Planalto (veja no vídeo acima).

"Você acha que eu vim aqui fazer política?", disse Bolsonaro.

Antes de ficar contrariado com a pergunta, o próprio presidente, durante entrevista e em conversa com apoiadores, introduziu o contexto político-eleitoral brasileiro.

Questionado sobre a presença no funeral da Rainha Elizabeth II, Bolsonaro afirmou que "todo mundo vai ter um ponto final". E acrescentou que, na hora do juízo final, não vai ter ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para "descondenar uma pessoa e torná-la elegível".

O presidente se referiu à decisão do STF que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decorrentes da Operação Lava Jato.

"O julgamento [final] vai ser pelas suas ações e omissões. Todo aquele que trabalhou contra o próximo ou que se omitiu na hora em que poderia ajudar, segundo as escrituras, para quem acredita, vai ter o seu veredito. E lá não tem gente – como alguns do Supremo, já vão falar que eu estou criticando o Supremo – para descondenar uma pessoa e torná-la elegível", disse Bolsonaro.

Em outro momento, dirigindo-se a apoiadores, Bolsonaro voltou ao tema eleitoral. "Por que a insistência em querer botar um ladrão de volta na Presidência? Alguém acha que é uma maravilha ser presidente? Botar um ladrão, com aquela quadrilha toda, na Presidência", afirmou.

O presidente também classificou como "canalhice" e "covardia" reportagem do portal UOL que apontou que 51 imóveis comprados pela família Bolsonaro foram pagos em dinheiro vivo.

E, sem mencionar suspeitas de desvios no seu governo, afirmou que o Brasil está há "três anos e meio sem corrupção".

Neste domingo (18), Bolsonaro já havia explorado a viagem a Londres politicamente. Da sacada da residência oficial da embaixada brasileira em Londres, ele discursou para apoiadores e disse que vai ganhar a eleição presidencial em 1º turno.

O mais recente levantamento do instituto Datafolha, divulgado na quinta-feira (15), aponta que o ex-presidente Lula (PT) tem 45% das intenções de voto no 1º turno contra 33% de Bolsonaro no primeiro turno. A pesquisa Ipec (ex-Ibope) mais recente aponta cenário semelhante: 46% para Lula ante 31% de Bolsonaro.

A postura do presidente no Reino Unido gerou desconforto entre diplomatas e críticas de adversários na corrida eleitoral. A candidata do União Brasil à Presidência, Soraya Thronicke, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíba Bolsonaro de usar imagens da viagem a Londres na campanha eleitoral.

'Todo mundo vai ter um ponto final'

Bolsonaro também comentou a presença no funeral da Rainha Elizabeth II.

"É participar da missa. Ficar calado o tempo todo. Quem crê é lembrar que um dia vai chegar o dia dele. Todo mundo vai ter um ponto final aqui. Todo mundo, sem exceção", declarou.