Beatriz de Mello Breder, de 7 anos, é uma das brasilienses com QI acima da média, segundo análise da Mensa Brasil. Em todo país, organização identificou 248 crianças com altas habilidades.

Por Mara Puljiz, g1 DF

Beatriz de Mello Breder, de 7 anos, é uma das 13 crianças com QI acima da média no DF — Foto: Arquivo pessoal

A Associação Mensa Brasil identificou 14 crianças com Quociente de Inteligência (QI) acima da média no Distrito Federal. A instituição, que busca reunir pessoas com altas capacidades intelectuais registrou, em todo pais, 248 crianças e adolescentes de até 17 anos "superinteligentes" (entenda diferença entre os termos ao final da reportagem).

Entre os pequenos "gênios", está Beatriz de Mello Breder, de 7 anos. Os pais da brasiliense contam que perceberam que a filha era "diferente", aos 2 anos de idade.

"Compramos um quebra-cabeças pra ela e, quando me dei conta, ela havia montado sozinha e ainda me explicou porque havia escolhido cada peça. Ela também se interessava por temas incomuns, encarando tudo com normalidade", lembra a mãe de Beatriz, Monique Breder.

A família procurou auxílio profissional fazer entender melhor as habilidades da menina. "Para nossa surpresa, e da neuropsicopedagoga, ela obteve um resultado surpreendente após os testes realizados", conta Monique.

Os exames levaram em conta as funções intelectuais, a atenção, a memória e as funções espaciais e construtivas, além de lateralidade, destreza manual, equilíbrio corporal, linguagem e habilidades acadêmicas. Beatriz tinha mesmo um QI acima da média.

No mês passado, a menina passou a fazer parte da Intertel, sociedade de alto QI para pessoas com uma pontuação superior a 99% da população mundial. Beatriz está no segundo ano do ensino fundamental e faz progressão escolar para adiantar a série escolar em 2023. Além do ensino regular, ela faz aulas de artes, ginástica artística, natação, inglês e francês.

'Desafio'



Beatriz de Mello Breder, de 7 anos, com os pais Monique Breder e Daniel Mello. No colo está o irmão, Bruno, de 4 anos. — Foto: Arquivo pessoal

A servidora pública Monique Breder, mãe de Beatriz, diz que o fato da filha ter uma inteligência acima da média é um desafio. "Sinto mais ainda a obrigação de motivá-la e compreender sua necessidade de aprender e conhecer coisas novas", explica.

Beatriz costuma surpreender os pais ao falar sobre assuntos incomuns para crianças da idade dela, como cirurgias, galáxias, tragédias naturais e seus efeitos, e como nascem os bebês. Ela diz que quer ser médica.

"Difícil e desafiador é conseguir encaminhá-la adequadamente. Ela já manifestou o interesse em ser médica obstetra e estudar na França. Para mim, um desafio e tanto, seja do ponto de vista financeiro ou de orientação profissional, já que não temos médicos na família", diz Monique.

A mãe, no entanto, acredita no potencial da filha para grandes conquistas. "Creio que toda a sociedade ganha com o desenvolvimento correto dessas crianças. Temos que explorar ao máximo o potencial e apoiá-las."

Brasil tem 2,3 mil pessoas 'superinteligentes'


Caderno, escola, lápis DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Segundo a Mensa, os testes para medir o quociente de inteligência são variados, mas a média do QI da população brasileira fica entre 107 e 109. Para adultos, o QI é considerado alto quando os testes apontam acima de 136 e, para as crianças de até 7 anos, de 128 para cima – aumentando conforme a idade.

Segundo o mapeamento da Mensa Brasil, até este sábado (8), 2,3 mil pessoas estavam identificadas como superinteligentes no país. Dessas, 70% têm entre 19 e 36 anos, cerca de 10% têm entre 13 e 18 anos, e outros 10% estão na faixa etária de 37 a 45 anos.

Apenas 5% têm mais de 45 anos. O mais idoso está com 72 anos e o integrante mais jovem da Mensa Brasil tem 3 anos.

Para identificar mais pessoas com altas habilidades, a associação faz, periodicamente, testes nas cidades. A próxima rodada está prevista para o dia 26 de novembro, em várias regiões do país (veja serviço abaixo).

Os testes da Mensa são destinados às pessoas com 17 anos ou mais e que estejam cursando ou que tenham cursado o ensino superior. Segundo a entidade, eles são feitos de forma presencial e com acompanhamento de um profissional de psicologia, conforme estabelece o Conselho Federal de Psicologia (CPF), além de seguir protocolos sanitários.

Para crianças até 10 anos, os pais precisam procurar um neuropsicólogo para fazer essa avaliação. Carlos Eduardo Fonseca, vice-presidente da Mensa Brasil, diz que é preciso identificar onde estão essas pessoas, para que elas possam "desenvolver as potencialidades e abraçar as melhores oportunidades".

"Se a criança a ser investigada tem um desenvolvimento acima da média do que é considerado a média para a sua idade, já é um bom indicativo que ela tem uma inteligência acima do normal", diz Carlos Eduardo Fonseca.

Fonseca diz que a superinteligência pode ser verificada em pessoas com espectro autista. "Pessoas com QI altíssimo podem ter algumas dificuldades e outras não, como autismo bem leve ou severo, mas isso não é impeditivo para um QI fora da curva e acima do normal", explica.

"O indivíduo, depois que descobre o alto QI, ele tem um selinho a mais de confiança. Não é o bullying de escola que vai fazer ele se achar menos capaz, não é uma situação pontual de escola em uma matéria específica em que esse aluno tem dificuldade que vai tirar a capacidade de confiança do indivíduo", aponta.

Superinteligente e superdotado

Nos anos 80, o psicólogo educacional Joseph Renzull criou o conceito de superdotação, que envolve três fatores, ou três anéis:

Habilidades acima da média

Para identificar essas pessoas, é feito um teste de QI e o psicólogo dá um diagnóstico diferencial, com os fatores comportamentais. A diferença para os superinteligentes identificados pela Mensa é que, no teste da associação é medido apenas o QI do indivíduo. Não há análise de criatividade e motivação.

Para ter um laudo de superdotação, a pessoa precisa passar por uma avaliação mais aprofundada, com um neuropsicólogo.

Testes de avaliação

Custo: R$ 98
Próximos testes: 26 de novembro
Cidades: Araraquara (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e São José dos Campos (SP)
Inscrições: pelo site
Informações: testes@mensa.org.br