Dos 38 ministros do governo Lula, ao menos 17, ou seja, quase metade deles, ocupam cargos em conselhos de empresas e fundações. Com essa meritocracia petista, acumulam salários com ganhos extras que podem chegar aos R$ 36 mil. A maioria dos que incrementam os contracheques é filiada ou ligada de alguma forma ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Dos 17 ministros-conselheiros de empresas e fundações, 12 são petistas, outros três são indicados que compõem a base e apenas dois deles são do chamado centrão, conforme divulgou o UOL em levantamento feito até o final de fevereiro por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Entenda como são feitas as indicações

As indicações dos ministros para o conselho das empresas geralmente são do governo federal ou das próprias pastas que comandam.

Conforme justificativa da Secretaria de Comunicação (Secom) ao UOL, “as indicações respeitam a legislação vigente”.

A secretaria afirmou que “requisitos e vedações” para indicação de conselheiros estão previstos na Lei das Estatais e no Decreto nº 8.945, de 2016, assinado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), que trata de empresas públicas e de capital misto.

De acordo com a reportagem, a prática da participação de ministro em conselhos é adotada pelos governos desde o regime militar, principalmente em instituições mistas, como Itaipu e Sesc.
Reuniões remuneradas

O acúimulo de função garante a presença de ministros em conselhos administrativos ou fiscais de empresas ou fundações privadas, mistas ou públicas.

As reuniões dos grupos de conselheiros costumam ser mensais, com carga horária variada, e injetam uma boa quantia no orçamento dos membros desses conselhos.


Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, é conselheira administrativa da empresa Tupy | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Quem são os ministros que aumentam o contracheque

Do grupo dos 17 ministros-conselheiros de empresas, apenas três dos indicados não são do PT. Alguns chegam a ocupar a cadeira de conselheiro em mais de uma empresa.

Alexandre Silveira (PSD), ministro de Minas e Energia; Carlos Lupi (PDT), ministro da Previdência Social; e Juscelino Filho (União Brasil), ministro das Comunicações.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, que também é conselheira de administração da Tupy, já divulgou que vai se filiar ao PT para concorrer como vice à Prefeitura do Rio na chapa de Eduardo Paes (PSD).

Vinicius Carvalho, da Controladoria-Geral da União (AGU), ex-filiado ao PT, participa de dois conselhos.


Carlos Lupi e Esther Dweck (PT), de Gestão e Inovação, deixaram o conselho fiscal do Sesc no ano passado.O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, também acumula a função de conselheiro fiscal do Senac | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Para ocupar o Conselho de Administração da Companhia de Gas do Rio de Janeiro, por exemplo, o ministro da Defesa, José Múcio, tem a remuneração de R$ 19.461,21, conforme consta no LAI do portal do governo federal (Gov.com).

O ex-ministro da Justiça e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino (então PSB), também integrava o conselho fiscal do Senac. Ao assumir posição da Corte, foi substituído em dezembro por Márcio Macêdo.

Em Itaipu, dos sete conselheiros do lado brasileiro, cinco são ministros de Estado e uma é a ex-tesoureira do PT Gleide Oliveira. A empresa atualmente é copresidida pelo deputado federal Enio Verri (PT-PR).

Veja a relação completa dos ministros e das empresas

  • Alexandre Padilha (PT), Secretaria de Relações Institucionais: é conselheiro fiscal do Sesc;
  • Alexandre Silveira (PSD), Minas e Energia: é conselheiro de administração da Itaipu Binacional;
  • Anielle Franco, Igualdade Racial: é conselheira de administração da Tupy S.A.;
  • Camilo Santana (PT), Educação: é conselheiro fiscal do Senac;
  • Carlos Lupi (PDT), Previdência Social: é conselheiro de administração da Tupy S.A.;
  • Esther Dweck (PT), Gestão e Inovação: Conselho de Administração Itaipu Binacional;
  • Fernando Haddad (PT), Fazenda: é conselheiro de administração da Itaipu Binacional;
  • Jorge Messias, AGU: é conselheiro de administração da Brasilprev Seguros e Previdência S.A;
  • José Múcio, Defesa: é conselheiro de administração da Companhia Estadual de Gás do Rio de Janeiro (CEG);
  • Juscelino Filho (União Brasil), Comunicações: é conselheiro deliberativo da Sistel;
  • Luiz Marinho (PT), Trabalho e Emprego: é conselheiro fiscal do Sesc;
  • Márcio Macêdo (PT ), Secretaria-Geral: é conselheiro fiscal do Senac;
  • Mauro Vieira, Relações Exteriores: é conselheiro de administração Conselho de Itaipu Binacional;
  • Paulo Pimenta (PT), Secom: é conselheiro fiscal do Senac;
  • Rui Costa (PT), Casa Civil: é conselheiro de administração de Itaipu Binacional
  • Silvio Almeida, Direitos Humanos e Cidadania: é conselheiro de administração da Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG);
  • Vinícius Carvalho, CGU: é conselheiro fiscal da Brasilcap Capitalização S.A. e conselheiro de administração da Tupy S.A..