
Em meio à escalada dos preços dos alimentos, levantamento do Instituto Pacto Contra a Fome, em parceria com o Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição da UERJ, apontou que cerca de 70% dos brasileiros não dispõem de renda suficiente para adquirir a chamada “cesta básica ideal”, composta por frutas, verduras, legumes, cereais integrais e feijões. O estudo calculou o custo dessa cesta em R$ 432 por pessoa em abril de 2025, o que corresponde a 21,4% da renda média domiciliar per capita no país .
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2024, divulgada pelo IBGE, o rendimento mensal real domiciliar per capita no Brasil atingiu R$ 2.020,00, valor de referência para estimar o impacto dos alimentos no orçamento das famílias .
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) registrou que, em abril de 2025, o custo médio da cesta básica nas 17 capitais pesquisadas foi de R$ 796,11, exigindo 108 horas e 55 minutos de trabalho para sua obtenção e comprometendo 53,52% do salário mínimo líquido de R$ 1.518,00 . Especificamente em Brasília, o valor da cesta atingiu R$ 775,84, embora tenha recuado 0,87% em relação a março, representando 55,25% do rendimento mínimo e demandando 112 horas e 26 minutos de jornada laboral .
O IBGE também informou que, em março de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,56%, com o grupo Alimentação e bebidas liderando a pressão inflacionária, ao avançar 1,17% no período . Esse cenário inflacionário agrava o poder de compra dos consumidores de menor renda, segundo o economista Ricardo Mota, que destaca que “a inflação dos alimentos chegou a quase 50% da inflação geral, afetando sobretudo as classes mais vulneráveis” .
Além do alto custo, o Dieese estimou que, para suprir as despesas alimentares de uma família de quatro pessoas com base na cesta mais cara (São Paulo), o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 7.638,62, ou 5,03 vezes acima do piso vigente de R$ 1.518,00 . Esses indicadores reforçam a urgência de medidas públicas que ajustem o salário mínimo à realidade dos preços e repensem a tributação estadual sobre itens essenciais, de modo a garantir o direito fundamental à alimentação.
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