
História de professora da Candangolândia que recebeu novo rim mostra importância do mês dedicado à doação de órgãos.
A trajetória da professora Dayane Lopes, moradora da Candangolândia, se transformou em exemplo de esperança e conscientização neste Setembro Verde, mês dedicado à doação de órgãos. Aos 39 anos, ela passou por um transplante de rim em agosto, após enfrentar complicações graves em decorrência de uma condição congênita que comprometeu pâncreas e rins.Para que pudesse fazer um transplante de rim, Dayane Lopes realizou exames de alta complexidade no Hemocentro de Brasília | Foto: Arquivo pessoal
A cirurgia só foi possível graças ao trabalho de suporte da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), responsável por análises de alta complexidade que viabilizam transplantes no Distrito Federal. Somente em 2025, a fundação já realizou mais de 5 mil exames pré e pós-transplante.
Da luta ao diagnóstico
A jornada de Dayane começou após uma lesão no joelho, sofrida ao ajudar uma aluna com deficiência, que resultou em quase dois anos de tratamento. O uso contínuo de anti-inflamatórios desencadeou 19 episódios de pancreatite e revelou o diagnóstico de pâncreas divisum, malformação congênita agravada após a gestação de sua filha, em 2020.
Em pouco tempo, exames apontaram que seus rins funcionavam com apenas 11% da capacidade, situação irreversível. Mesmo após a colocação de uma prótese pancreática para conter as crises, a função renal já estava comprometida. “Naquele momento, eu já havia perdido totalmente a função dos rins, o que impactou profundamente minha vida”, relembra.
O papel do Hemocentro
Durante a espera pelo transplante, Dayane precisou realizar inúmeros exames no Hemocentro. Lá, diz ter encontrado apoio técnico e humano fundamentais. “Todos os profissionais foram amorosos e atenciosos, inclusive com a minha filha, quando me acompanhava”, conta.
O diretor de Procedimentos Especiais do Hemocentro, Pedro Henrique Diogo, explica que cada transplante exige análises de compatibilidade genética, testes contra rejeição e triagens para descartar infecções como HIV e hepatites. “É um trabalho caro e altamente especializado, mas garante máxima segurança e qualidade aos transplantes realizados no DF”, ressalta.
Nova chance de vida
Antes do transplante, o Laboratório de Sorologia confirma que não há risco de transmissão de doenças como HIV, hepatites, HTLV, sífilis e malária | Foto: Divulgação/Hemocentro
O transplante foi realizado no Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF). Dayane recorda com emoção o momento da notícia: “Eu estava na terceira posição da fila, mas os dois primeiros não estavam aptos. Quando o telefone tocou, soube que era a minha vez. Foi indescritível, chorei muito. Era a sensação de uma nova chance de vida”.
O rim veio de um doador falecido, conforme prevê a legislação brasileira, que exige autorização da família. Por isso, especialistas reforçam a importância de dialogar com parentes sobre o desejo de ser doador.
Dayane expressa gratidão ao gesto de solidariedade que transformou sua vida: “Mesmo sem saber quem foi, agradeço profundamente ao meu doador e à sua família. Quero que saibam que, em meio à dor, vocês permitiram que outra vida florescesse. Prometo honrar essa oportunidade, vivendo cada dia com esperança e responsabilidade”.
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