
Aos 17 anos, Letícia Joana participa do programa Pontes para o Mundo da rede pública do DF
Brasília, 13 de outubro de 2025 — Aos 17 anos, a estudante Letícia Joana Alves, aluna do Centro de Ensino Médio (CEM) 02 de Ceilândia, vive uma experiência que muitos jovens apenas sonham: a primeira viagem internacional antes mesmo de concluir o ensino médio. Ela é uma das selecionadas do Pontes para o Mundo, programa da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) que oferece intercâmbio gratuito a estudantes da rede pública.
Na véspera do embarque, em 2 de setembro, Letícia mal conseguiu dormir. Da janela de casa, observava o movimento da rua tentando compreender a dimensão do que estava por vir. No dia seguinte, embarcaria rumo ao Reino Unido para uma imersão cultural e educacional de três meses — um destino que, até pouco tempo atrás, parecia distante.
“Tudo aconteceu muito rápido. Eu estava sentada na calçada de casa, pensando no meu futuro, e, de repente, estava embarcando para fora do país”, relembra. “Aqui no Reino Unido, os alunos têm muita autonomia. Eles resolvem as coisas sozinhos. No Brasil, ainda falta isso, mas o potencial é o mesmo.”
A vivência no exterior reforçou em Letícia a percepção sobre o talento e a capacidade dos estudantes das escolas públicas brasileiras. “Tive colegas muito inteligentes que precisaram abandonar os estudos para trabalhar. Se tivéssemos a estrutura que existe aqui, o Brasil formaria verdadeiros gênios. Estar vivendo isso me faz acreditar ainda mais na educação pública”, afirmou.
Inspiração de famíliaA família da estudante: o pai, Jaílson Alves; as irmãs Lívia Michelle e Laura Miriam; a mãe, Marci Lendi; e Letícia | Foto: Arquivo pessoal
A maturidade de Letícia reflete a influência da família, que sempre valorizou o estudo como caminho de transformação. “Minha irmã faz Nutrição na UnB e entrou pelo PAS. Foi com ela que aprendi o valor da educação. Meus pais sempre disseram que é a única forma de mudar nossa realidade”, contou.
A mãe, Marci Lendi, promotora de vendas, é um exemplo de perseverança que inspira a filha. “Ela já trabalhou sentindo dor, com o braço machucado, porque não podia faltar. E me dizia: ‘Pra ter uma vida diferente, você tem que estudar’. Isso ficou marcado em mim”, relatou Letícia.
Com orgulho e emoção, Marci fala da trajetória da filha. “A Letícia sempre foi curiosa e dedicada. Desde pequena, se destacava na escola. Somos uma família muito unida, e ver nossa filha conquistando esse sonho é uma felicidade imensa”, disse.
Mesmo à distância, mãe e filha mantêm contato diário. “A saudade é grande, mas o orgulho é ainda maior. Nunca tínhamos ficado tanto tempo separadas, mas saber que ela está vivendo algo tão importante nos enche de alegria”, completou Marci.
Do outro lado do oceano, Letícia segue encantada com as descobertas e com um olhar voltado para o futuro. “Estar aqui me faz querer mudar a realidade da minha família e da minha cidade. Amo o Brasil, amo nossa cultura e o jeito acolhedor do nosso povo. Quero usar o que estou aprendendo para transformar o lugar de onde vim”, concluiu.
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