
A parceria com o IgesDF resulta em atendimento ágil para pacientes em crise e melhorias nos serviços de saúde mental.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Distrito Federal implementaram um modelo de retaguarda psiquiátrica, que já demonstra resultados significativos, reduzindo o tempo de internação psiquiátrica em mais de 60%. O projeto, que começou a ser testado no final de 2024, foi expandido devido à sua eficácia e impacto positivo na gestão do atendimento em saúde mental.
O novo sistema garante que especialistas em psiquiatria atuem em conjunto com os médicos clínicos nas UPAs, permitindo um atendimento mais ágil e preciso para pacientes em crise. A psiquiatra Sérgio Cabral, responsável pela coordenação do projeto, destaca que a iniciativa iniciou-se como um piloto entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, na UPA do Núcleo Bandeirante, antes de ser ampliada para outras regiões, como Sobradinho e Vicente Pires.
O fluxo de atendimento é simples. Após a triagem inicial, os médicos clínicos avaliam os pacientes e, em casos de crises graves, acionam um psiquiatra para ações imediatas. “O atendimento rápido é crucial. Se a equipe médica pode resolver o caso de imediato, o paciente volta para casa mais rapidamente e com encaminhamentos adequados para tratamento futuro”, explica Cabral.
A UPA também reformulou seus espaços para proporcionar um ambiente seguro e acolhedor, separando adultos e crianças e eliminando riscos conhecidos. “Esse cuidado ajuda a garantir a segurança de todos e a integração dos pacientes à rotina da unidade”, acrescenta.
Os resultados são impressionantes. Antes da implementação do projeto, a média de internação de pacientes psiquiátricos nas UPAs era superior a cinco dias. Com a nova abordagem, esse tempo caiu para apenas 1,8 dia. Na rede de UPAs do DF, o tempo médio de internação reduziu de quatro dias para 1,05 dia, com uma taxa de resolutividade de quase 90%. Isso traz não apenas economia financeira significativa para o sistema, mas também melhora na qualidade do atendimento.
A demanda pelos serviços psiquiátricos nas UPAs também cresceu. Em 2023, foram cerca de 10 mil atendimentos, número que triplicou em 2024, com previsão de ultrapassar 30 mil atendimentos. Para os especialistas, isso reflete a diminuição do estigma em relação aos transtornos mentais e uma maior aceitação das pessoas em buscarem ajuda.
A continuidade do cuidado é uma prioridade. O objetivo do IgesDF não é substituir o acompanhamento oferecido pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), mas oferecer uma resposta rápida para os pacientes em crise. “A articulação entre a UPA e o Caps é essencial para garantir que os pacientes não apenas recebam o tratamento imediato, mas também tenham um acompanhamento eficaz posteriormente”, finaliza Cabral.










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